Pronação e supinação
Realizar movimentos com nossos membros superiores é algo cotidiano e essencial: seguramos objetos e alimentos, rotacionamos os braços, e conseguimos realizar movimentos precisos e delicados com as mãos. Além do nosso polegar, opositor e alongado, nossos membros superiores são resultado de anos de evolução, e movimentos como a pronação e a supinação nos dão uma vantagem mecânica significativa quando nos comparamos a outras espécies animais, graças ao aumento de nossas funcionalidades.
Usar uma ferramenta como uma chave de fenda ou girar uma chave são dois exemplos de movimentos funcionais que usam pronação e supinação. Há diversos músculos trabalhando sinérgicamente para realizar cada um desses movimentos, e é isso que veremos em mais detalhes a seguir.
Nesse artigo discutiremos a anatomia e a relevância clínica desses movimentos.
Ossos e articulações
A pronação e a supinação são movimentos que envolvem as articulações radioulnares. A cabeça do rádio tem formato discoide e se estende a partir do colo deste osso, dentro do ligamento anular do rádio. Tal ligamento une a porção proximal do rádio à ulna. A rotação da cabeça do rádio permite os movimentos de supinação (voltar a palma da mão para cima) e pronação (voltar a palma da mão para baixo).
Aprenda sobre os movimentos do corpo humano na unidade de estudos abaixo.
A pronação e a supinação são apenas dois dos numerosos tipos de movimentos do corpo. Você conhece os outros? Teste seu conhecimento com nossas apostilas de exercícios sobre terminologia anatômica básica.
Articulação radioulnar proximal
Essa é uma articulação em pivô, entre a cabeça do rádio e a incisura radial da ulna. Ela se localiza dentro da mesma cápsula articular que a articulação do cotovelo. Na cabeça e no colo do rádio passam as fibras do ligamento anular, que surge e se insere na incisura radial da ulna, passando ao redor do rádio e unindo os dois ossos. As fibras superiores do ligamento se misturam aos ligamentos do cotovelo, e as fibras inferiores contribuem para o ligamento quadrado. Internamente, o ligamento é revestido por uma membrana sinovial que garante movimentos suaves durante a pronação e a supinação. Superficialmente, o ligamento colateral radial (lateral) da articulação do cotovelo suporta o ligamento anular. O ligamento quadrado encontra-se distalmente ao ligamento anular, e atua para evitar uma supinação excessiva e fortalecer a ligação entre a cabeça do rádio e a ulna. Os movimentos desta articulação são restritos à supinação e pronação. A flexão e a extensão do cotovelo ocorrem na articulação entre o úmero e a ulna.
Articulação radioulnar distal
A articulação radioulnar distal também é uma articulação em pivô, localizada distalmente no antebraço, próximo à região do punho. Ela é formada pela cabeça da ulna e incisura ulnar do rádio. Os ligamentos radioulnares palmar e dorsal, bem como a fibrocartilagem triangular, sustentam esta articulação. A fibrocartilagem triangular une os ossos e garante que eles permaneçam juntos durante a pronação e supinação. Ela é mais espessa na periferia do que em sua região central. O ápice espesso do triângulo se fixa ao processo estiloide da ulna, e sua base fina se fixa à borda proeminente do rádio, proximal à articulação radiocarpal. A fibrocartilagem triangular também separa os ossos semilunar e piramidal da articulação do punho (articulação radiocarpal). A incisura ulnar do rádio gira em torno da cabeça da ulna durante a pronação e supinação.
Membrana interóssea
A membrana interóssea do antebraço é uma membrana resistente de tecido conjuntivo que conecta a borda interóssea da ulna com a borda interóssea do rádio. Suas fibras cursam lateralmente de forma oblíqua ao longo de todo o eixo dos ossos e são perfuradas distalmente para permitir que os vasos passem entre os compartimentos anterior e posterior do antebraço (abertura para a artéria interóssea anterior). A membrana mantém o rádio e a ulna unidos durante a supinação e a pronação, além de distribuir forças mecânicas entre eles. A partir dela, vários músculos se originam, como o flexor profundo dos dedos.
Corda oblíqua
Este é um cordão ligamentar fino e plano que surge da tuberosidade distal da ulna e segue de forma oblíqua até o ligamento anular, se inserindo na região posteromedial do eixo radial (logo abaixo da tuberosidade do rádio). Suas fibras seguem da região medial para a lateral e atuam para estabilizar a articulação radioulnar proximal. Alguns indivíduos não possuem esta estrutura anatômica.
Atualize seu conhecimento sobre os diferentes tipos de articulações com nosso divertido teste!
Músculos
Músculo pronador redondo
O nervo mediano inerva esse músculo do compartimento anterior do antebraço. Ele tem duas cabeças, uma ulnar e uma umeral. A cabeça umeral, maior e mais superficial, surge da crista supraepicondilar medial do úmero. A cabeça ulnar é fina e surge da superfície medial do processo coronoide da ulna. O nervo mediano passa pelas duas cabeças para alcançar o antebraço e é separado da artéria ulnar pela cabeça ulnar. O músculo se insere na superfície lateral do rádio, distalmente ao músculo supinador e, portanto, causa pronação quando é contraído.
Músculo pronador quadrado
O nervo interósseo anterior, um ramo do nervo mediano, inerva esse músculo de formato quadrado no compartimento anterior do antebraço. Ele surge da superfície anterior e distal da ulna, e se insere na face anterior e distal distal do rádio, atuando para causar pronação quando contraído.
Músculo supinador
Este é um músculo do compartimento posterior do antebraço, inervado pelo ramo profundo do nervo radial (que origina-se do fascículo posterior do plexo braquial, raízes nervosas C5 a T1), que se torna o nervo interósseo posterior. Ele circunda a parte proximal do rádio e consiste em conjuntos superficiais e profundos de fibras. As fibras profundas se originam do epicôndilo lateral do úmero, da crista do músculo supinador, na ulna, do ligamento anular e do ligamento colateral radial (lateral). Ele se insere nas superfícies lateral, posterior e anterior do rádio, no terço proximal deste osso, próximo à inserção do músculo pronador redondo.
O nervo radial passa pelo sulco radial do úmero e emerge anterior ao epicôndilo lateral, entre os músculos braquial e braquiorradial. O nervo então entra no músculo supinador e se divide nos ramos superficial e profundo. Este último segue para inervar o músculo supinador e continua como nervo interósseo posterior.
Músculo bíceps braquial
O nervo musculocutâneo inerva o músculo bíceps braquial. Sua cabeça longa surge do tubérculo supraglenoidal da escápula, enquanto sua cabeça curta surge do processo coracoide da escápula. O tendão do músculo se insere na tuberosidade do rádio. O músculo também se expande como aponeurose bicipital, que se fixa ao longo eixo da ulna. O bíceps braquial atua principalmente como um flexor do cotovelo e, secundariamente, como um supinador do antebraço. Ele é capaz de supinar quando o cotovelo está flexionado. Quando o cotovelo está totalmente estendido, o supinador realiza esse movimento.
Músculo braquiorradial
Este músculo também é inervado pelo nervo radial. Ele surge da crista supracondilar lateral do úmero e do septo intermuscular lateral do braço. O músculo se insere próximo ao tubérculo dorsal do rádio, proximal ao processo estiloide. Conforme o músculo cruza a articulação do cotovelo, anterior à linha da articulação, ele atua como flexor do cotovelo e semipronador do antebraço. Quando o nervo musculocutâneo sofre algum dano, o músculo braquiorradial ainda permite a flexão do cotovelo, graças à sua inervação pelo nervo radial. Ele flexiona melhor quando o antebraço está na posição intermediária entre supinação e pronação. Quando o cotovelo está flexionado, o braquiorradial faz a semipronação do antebraço.
Faça este teste com diferentes níveis de dificuldade para testar seus conhecimentos sobre os movimentos do corpo.
Notas Clínicas
Síndrome do nervo interósseo anterior
Também conhecida como síndrome de Kiloh-Nevin, é um quadro raro de aprisionamento do nervo mediano que resulta em uma neuropatia motora pura. Os sintomas incluem incapacidade e/ou fraqueza para a flexão das articulações interfalângicas do polegar e do indicador, bem como diminuição da força de pronação. Clinicamente, o paciente não consegue fazer um sinal de OK com o polegar, não consegue realizar o movimento de pinça do polegar e do indicador e terá fraqueza na pronação do antebraço.
Paralisia de Erb
A paralisia de Erb, conhecida também como paralisia de Erb-Duchenne, decorre de uma lesão às raízes superiores do plexo braquial. Normalmente acontece durante um trauma no parto, causando sequelas nos bebês. Os nervos axilar (C5 e C6) e musculocutâneo (C5 a C7) são os mais frequentemente afetados, resultando em um ombro “caído” (o músculo deltoide perde a inervação do nervo axilar) e um antebraço estendido e pronado (os músculos braquial, bíceps braquial e coracobraquial perdem a inervação do nervo musculocutâneo). A sensibilidade da área da pele sobre o músculo deltoide e do aspecto lateral do antebraço também é perdida devido aos nervos axilar e musculocutâneo, respectivamente.
Paralisia do nervo musculocutâneo
O nervo musculocutâneo é danificado durante trauma penetrante no braço. Os sintomas incluem incapacidade de flexionar o cotovelo com o bíceps braquial, supinação enfraquecida, e perda da sensibilidade local.
Fratura de Monteggia
Esta é uma fratura do terço proximal da ulna associada a luxação da cabeça do rádio, que sai do ligamento anular. Este tipo de fratura ocorre após uma queda sobre a mão estendida ou um golpe direto no aspecto proximal do antebraço. Os movimentos de supinação e pronação são perdidos, pois a articulação radioulnar proximal não está mais íntegra.
Fratura de Galeazzi
Geralmente ocorre após uma queda sobre a mão estendida, e consiste em fratura do terço distal do rádio associada a subluxação da articulação radioulnar . Em muitos casos requer intervenção cirúrgica para evitar complicações motoras futuras.
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