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Anatomia seccional: secções transversais do corpo humano

Videoaula recomendada: Nível do núcleo caudado [17:15]
Corte transversal do cérebro ao nível do núcleo caudado.

Secções transversais são cortes bidimensionais e axiais das estruturas anatômicas do corpo vistas em planos transversais. Elas são obtidas por cortes imaginários, perpendiculares ao eixo principal dos órgãos, vasos, nervos, ossos, tecidos moles ou até mesmo de todo o corpo humano.

Secções transversais nos dão a percepção de “profundidade”, criando uma relação tridimensional entre as estruturas na nossa memória fotográfica. Elas mostram toda uma região, melhorando nosso entendimento, consolidando informações e facilitando nossa memorização. Além disso, técnicas de imagens modernas como ultrassom, tomografia computadorizada (TC) e ressonância nuclear magnética (RNM), são baseadas em secções transversais do corpo humano. Sendo assim, secções transversais são essenciais para o estabelecimento preciso de diagnósticos, planejamentos terapêuticos e intervenções guiadas radiologicamente. 

A importância da anatomia seccional já foi explorada em detalhe. Este artigo vai descrever secções transversais cadavéricas clássicas de vários níveis do corpo humano. 

Principais marcos observados nos níveis da seção transversal vertebral
C3  Corpo do osso hioide
C4 Borda superior da cartilagem tireoidiana, bifurcação da artéria carótida comum
C6  Cartilagem cricóidea, junção laringotraqueal, junção faringoesofágica, gânglio cervical médio
T1  Articulação esternoclavicular, ápice dos pulmões
T3/4  Topo do arco da aorta, manúbrio do esterno
T4/T5 Ângulo esternal, início/fim do arco da aorta, bifurcação da traqueia
T6 Borda superior do fígado
T7 Ângulo inferior da escápula
T8/9 Articulação xifoesternal
T10 Hiato esofágico do diafragma respiratório
L1 Hilum do rim/baço, cisterna, piloro do estômago, flexão duodenojejunal, cone medular
L3 Umbigo
L4 Crista ilíaca, bifurcação da aorta abdominal
L5 Convergência das veias ilíacas comuns direita e esquerda (veia cava inferior)
S2 Saco dural termina
Conteúdo
  1. Cortes do cérebro
  2. Cortes da cabeça e do pescoço
  3. Cortes do braço
  4. Cortes do antebraço
  5. Cortes da coxa
  6. Cortes da perna
  7. Cortes do tórax
  8. Cortes do abdômen
  9. Cortes da pelve masculina e pelve feminina
  10. Referências
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Cortes do cérebro

Orientação das secções transversais do corpo humano

Antes de nos aprofundarmos no tema é importante entender a orientação geral da anatomia axial. Todas as secções transversais são vistas a partir do do paciente em uma posição de supina (deitado horizontalmente de costas). Isto quer dizer que as estruturas do lado direito do corpo do paciente estarão do lado esquerdo da imagem da secção transversa e vice-versa. Olhar uma secção transversa é como olhar em um espelho, então mantenha isto em mente quando você for examinar qualquer imagem axial.  Para mais informações sobre os termos direcionais e planos corporais, acesse os materiais abaixo.

Nós vamos começar com uma secção transversa da cabeça, na qual diferentes estruturas do cérebro são visíveis. O cérebro é parte do sistema nervoso central e é responsável por várias funções, que vão desde a simples homeostase até funções cognitivas superiores como o pensamento crítico, memória etc. No vídeo a seguir você verá o cérebro de uma vista lateral, que pode te ajudar a se familiarizar com essa anatomia clássica:

Para podermos apreciar a anatomia transversa deste órgão, vamos examinar uma vista axial através do tálamo. O tálamo é uma estrutura subcortical de substância cinzenta que age como um verdadeiro centro entre o cérebro e o tronco encefálico

Se orientar nessa secção transversa é fácil. A estrela do show (cérebro) é facilmente reconhecida por causa da aparência cheia de giros ou circunvoluções e sulcos (indentações). O par de tálamos aparece como duas massas circulares na linha média, formando as paredes do terceiro ventrículo. O neurocrânio aparece como uma malha (osso trabecular) preenchido por buracos (díploe) e por uma substância vermelha (medula óssea). Se você se lembrar da anatomia do neurocrânio, o osso anterior da fronte (osso frontal) contém uma grande cavidade (seio frontal). Sendo assim, a porção superior da secção transversa aponta anteriormente. Por consequência, a parte de baixo da ilustração aponta posteriormente e, uma vez que estamos olhando a partir do pé do paciente, o lado esquerdo representa a direita do paciente e vice-versa.     

Se você imaginar a secção transversa como uma cebola, três “camadas” principais podem ser observadas, de externo para interno: tecidos moles externos, neurocrânio e cérebro. A aponeurose epicraniana fibrosa se estende anteroposteriormente sobre a parte superior do crânio como um cobertor. Dois músculos mastigatórios laterais (músculos temporais) são encontrados de cada lado do crânio, sobre os ossos temporais

Vários ossos do neurocrânio são visíveis entre os tecidos moles, de anterior para posterior: frontal, esfenoide, parietal e occipital. O osso frontal contém seios de formato irregular na linha média e a face orbital lateralmente. Uma estrutura triangular (incisura etmoidal) está localizada entre as faces orbitárias, contendo a crista etmoidal do osso etmoide. O osso frontal se articula com a asa maior do esfenoide posteriormente, que por sua vez se articula com os ossos parietais. O osso mais posterior é o osso occipital.  

O neurocrânio protege o cérebro. O cérebro consiste de dois hemisférios cerebrais separados pela fissura cerebral longitudinal. Quatro lobos cerebrais são visíveis, de anterior para posterior: frontal, insular, temporal e occipital. Exceto pela ínsula, eles estão localizados abaixo dos ossos do crânio que possuem os mesmos nomes. Os lobos insulares são fáceis de localizar, pois eles são estruturas bilaterais e onduladas, como dois vermes, dentro do cérebro, profundamente aos lobos temporais. O lobo occipital contém a área visual - a área ao redor da fissura calcarina, que está conectada ao tálamo por um tracto de fibras brancacentas (radiação óptica).  

O centro do cérebro contém os dois tálamos, que circundam o terceiro ventrículo. O fórnice aparece como um ponto anterior ao tálamo, mas esse tracto de substância branca segue um caminho complexo, se curvando ao redor do tálamo. Os gânglios basais (cabeça do núcleo caudado, globo pálido e putâmen) estão localizados anterior ao tálamo e estão separados deste pelo limbo posterior da cápsula interna. O esplênio do corpo caloso está localizado posterior ao tálamo, na fissura longitudinal. Ele se assemelha a uma ponte conectando os hemisférios cerebrais. A anatomia do cérebro ilustrada aqui não é de maneira nenhuma exaustiva. Dê uma olhada nos conteúdos a seguir, que explicam vários cortes do cérebro e pratique a identificação deles nos nossos testes. Um corte sagital do cérebro também foi incluído para te ajudar a correlacionar sua anatomia. 

Cortes da cabeça e do pescoço

Depois do cérebro, vamos dar uma olhada em alguns cortes nos quais outras importantes estruturas da cabeça e do pescoço são visíveis. A cabeça é uma estrutura anatômica que fica no topo do pescoço. Vamos examinar a sua anatomia geral através de uma secção transversal através dos seios maxilares

É bem fácil se localizar aqui! O cérebro (ou seja, o tronco encefálico e o cerebelo) aponta posteriormente (parte de baixo da imagem) e como você sabe da anatomia, os ossos do crânio que contêm os seios paranasais estão localizados anteriormente (topo da imagem).

Começando posteriormente, o cerebelo e a ponte estão circundados lateralmente pelos ossos temporais e posteriormente pelo osso occipital. Você pode facilmente identificar o cerebelo pela sua aparência estriada. Anterior à ponte, o osso temporal é contínuo com os ossos do viscerocrânio (esfenoide, maxila e zigomático). O osso esfenoide tem um formato de borboleta e contém os seios esfenoidais. Os seios maxilares bilaterais estão localizados anterior ao esfenoide, dentro da maxila. Eles são separados pelo esqueleto nasal  e pela concha nasal média. A estrutura nasal é contínua anteriormente com o septo e cartilagem nasais. Dois músculos da mastigação (temporal e pterigóideo lateral) são visíveis posterolateral aos seios maxilares. A artéria carótida interna e o nervo mandibular são observados anterior à ponte, passando através do neurocrânio para emergir na fossa craniana média. 

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Entretanto, a cabeça e o pescoço contêm várias outras estruturas que não foram evidenciadas acima. Vamos vê-las em um corte da cabeça e do pescoço passando pela língua ao nível da segunda vértebra cervical (áxis).

Esta secção transversal tem a mesma orientação da secção acima. O marco posterior é dado pela segunda vértebra cervical (áxis) enquanto que o anterior é dado pela língua. 

Entretanto, existem muitas diferenças entre elas. Para começar, o cérebro já não é mais visualizado, pois este corte transversal em particular passa abaixo da base do crânio. O cérebro foi substituído por uma vértebra com uma estrutura atípica (áxis), pela medula espinhal e por várias camadas musculares do pescoço. Os músculos são divididos por um ligamento que se origina no áxis e corre posteriormente, conhecido como ligamento nucal. De anterior para posterior, eles incluem o oblíquo inferior da cabeça, reto posterior maior da cabeça, semiespinhal, esplênio da cabeça e trapézio. O esplênio da cabeça é sobreposto pela parte superior do músculo esternocleidomastóideo, perto do seu ponto de inserção.   

Anterior ao esternocleidomastóideo, podemos ver uma estrutura irregular com aparência carnosa representando a glândula parótida. A veia retromandibular passa através dela. Medial à glândula parótida você pode ver vários músculos (digástrico, longo da cabeça e longo do pescoço), que se continuam na frente do áxis. Anterior às glândulas parótidas estão dois músculos da mastigação (masseter e pterigódeo medial). Esses músculos são separados pelo ramo da mandíbula. Posterior ao músculo pterigóideo medial podemos ver a veia jugular interna. Localizada entre os músculos masseteres você pode encontrar as tonsilas palatinas (em forma de gravata borboleta) e a língua, logo anterior a elas. A língua é facilmente identificada devido ao seu septo centralmente localizado e às suas fibras musculares perpendiculares. A língua é cercada pelos dentes dentro da cavidade oral, que tem seus movimentos controlados por vários músculos faciais.  O músculo bucinador segue o contorno da língua. A veia facial está localizada lateral ao bucinador. É impossível representar toda a anatomia da cabeça e do pescoço em apenas duas secções transversais. Depois de você ficar craque nelas usando nossos recursos, dê uma olhada em alguns outros cortes que ilustram as estruturas dessas regiões. 

Agora que tal fazer um teste para ver alguns cortes ao nível da língua e reconhecer as estruturas?

Cortes do braço

O braço é a região da extremidade superior localizada entre o ombro e o cotovelo. Ele contém um único osso (úmero) e dois compartimentos musculares: anterior (flexor) e posterior (extensor). Vamos explorar as secções transversais do braço ao analisar um corte feito ao nível do bíceps braquial

Orientar-se no corte acima não deve ser muito difícil. Se você conhece a anatomia do braço, você sabe que o grande e bojudo bíceps se localiza anteriormente (topo da imagem). O feixe neurovascular sempre está localizado medialmente (à direita na imagem) neste nível, então isso te ajuda a distinguir medial de lateral. Ele se assemelha a um agregado de cavidades. A diferenciação entre medial e lateral é importante para estabelecer qual braço é descrito, o esquerdo ou o direito. 

O úmero é o esqueleto do braço e vai da articulação do ombro até a articulação do cotovelo. Muitos músculos se conectam a vários locais do úmero. O compartimento anterior do braço (coracobraquial, braquial e bíceps braquial) está localizado anterior ao úmero e seu septo intermuscular. O bíceps braquial é o músculo mais espesso neste corte transversal, cobrindo os outros dois. O compartimento posterior contém somente o músculo tríceps braquial, que se localiza posterior ao septo intermuscular. O tríceps é maior comparado aos músculos do compartimento anterior.  

Os vasos sanguíneos e nervos do braço estão localizados medialmente neste corte transversal. Movendo medialmente a partir do úmero, podemos ver a artéria braquial, a veia braquial, a veia basílica, o nervo mediano e o nervo ulnar. O nervo radial se localiza posterolateral ao úmero. A veia cefálica superficial fica no tecido subcutâneo abaixo da pele, que envelopa as estruturas do braço. Entenda melhor os cortes transversais do braço usando os seguintes recursos:

Cortes do antebraço

A próxima secção transversal que vamos explorar é um corte do antebraço. O antebraço é uma região da extremidade superior, localizada entre o cotovelo e o punho. Ele contém dois ossos (rádio e ulna) e dois compartimentos musculares: anterior (flexor) e posterior (extensor). Vamos ver um corte do antebraço ao nível do músculo flexor do carpo:  

Orientar-se no corte transversal acima não é fácil, pois o antebraço tem diferentes orientações no espaço, dependendo se ele está pronado ou supinado. Na imagem acima, ele está pronado. Como podemos afirmar isso? O rádio, ulna e membrana interóssea que os conecta estão alinhadas quase verticalmente. Se o antebraço estivesse em sua posição anatômica (supinado), essas estruturas estariam alinhadas quase horizontalmente. E o que é medial e lateral? Para evitar confusão, pense em lado ulnar e lado radial, pois assim fica mais lógico e mais fácil de localizar. Eles sempre vão corresponder aos lados lateral e medial, respectivamente, independente do posicionamento do antebraço .

O rádio e a ulna são os ossos que dão suporte ao antebraço. Eles vão da articulação do cotovelo até a articulação do punho. O compartimento anterior do antebraço está localizado anterior ao rádio, ulna e membrana interóssea. Neste caso, eles estão voltados para o tronco, devido a posição pronada. Os músculos profundos visíveis (flexor longo do polegar e flexor longo dos dedos) estão localizados próximos aos ossos do antebraço. Eles são circundados pelos músculos superficiais (flexor radial do carpo, flexor superficial dos dedos e flexor ulnar do carpo) Você pode facilmente se lembrar esses músculos usando o acrônimo “Falhou, Falhou, Falhou”. 

O compartimento posterior do antebraço está localizado posterior ao rádio, ulna e membrana interóssea. Neste corte transversal, eles estão voltados para a região anterior. Os músculos profundos visíveis (abdutor longo do polegar e extensor longo do polegar) estão perto dos ossos do antebraço. Eles são encobertos pelos músculos superficiais (extensor do polegar, extensor do dedo mínimo e extensor ulnar do carpo). O visível grupo radial de músculos (braquiorradial e extensor radial do carpo) é fácil de identificar, pois ele circunda o rádio.

Por último, mas não menos importante, vamos aprender sobre os vasos sanguíneos e nervos que são visíveis neste corte transversal. No lado radial, superficial ao músculo flexor longo do polegar, podemos encontrar a artéria radial. O nervo mediano, que inerva a maior parte do compartimento anterior, corre na região profunda do músculo flexor superficial dos dedos. O nervo ulnar, que inerva o músculo flexor ulnar do carpo e a parte medial do músculo flexor profundo dos dedos, corre no mesmo plano da ulna, entre os dois músculos que inerva. As duas veias superficiais que estão no tecido subcutâneo são as veias cefálica (lado radial) e basílica (lado ulnar).

Aprender as estruturas em uma única e estática secção transversal pode te levar até um certo ponto. Mas dê uma olhada nos recursos a seguir para aprender mais sobre os cortes do antebraço. 

Cortes da coxa

Agora vamos para a extremidade inferior e estudar alguns cortes. Nossa primeira parada é a coxa. A coxa é a porção mais espessa da extremidade inferior, localizada entre o quadril e o joelho. Ela é formada por três compartimentos musculares (anterior, posterior e medial), que criam movimento agindo sobre o fêmur. Um resumo das estruturas anatômicas do quadril pode ser demonstrada em um corte transversal passando pelo músculo adutor longo. 

Como sempre, a análise da secção transversal começa pela nossa orientação. A porção anterior (topo da imagem) é marcada pelo forte e bem desenvolvido músculo quadríceps, que aparece como quatro bandas evidentes, especialmente em atletas. Os lados medial e lateral seguem a orientação padrão da anatomia transversal. 

Vamos começar com a osteologia da coxa. O fêmur é o osso mais forte do corpo humano e a estrutura dessa região. Seu eixo aparece como um osso cortical redondo circundando uma medula óssea avermelhada. 

Os músculos do compartimento anterior da coxa estão localizados anterior ao fêmur. Eles são cinco músculos no total, quatro dos quais formam o poderoso músculo quadríceps. O vasto medial e o vasto intermédio estão localizados profundamente dentro do compartimento anterior, próximos ao fêmur. Eles são circundados pelo vasto lateral e pelo reto femoral. O quinto músculo, sartório, é sinergista ao músculo quadríceps. Ele está localizado mais medialmente e ligeiramente posterior ao plano do reto femoral. 

Continuando medialmente ao redor da coxa, chegamos ao compartimento (adutor) medial da coxa. Existem seis músculos nesse compartimento, mas somente quatro deles estão visíveis. Profundamente dentro do compartimento, os seguintes três músculos estão de anterior para posterior: adutor longo, adutor curto e adutor magno. O último ocupa a maior parte do compartimento medial neste nível da coxa. O grácil é o músculo mais superficial. 

O compartimento posterior da coxa é formado por três músculos, coletivamente conhecidos como isquiotibiais. Se você é fisicamente ativo e pratica algum tipo de esporte, você certamente sabe onde eles ficam, pois você provavelmente já sofreu muitas dores nessa área. Todos os três (bíceps femoral, semitendinoso e semimembranoso) se localizam profundamente ao músculo adutor magno. Uma banda espessa de fáscia profunda que estabiliza o quadril (trato iliotibial) desce ao longo da lateral da coxa, entre o vasto lateral e o bíceps femoral. 

E por fim, vamos falar sobre os vasos sanguíneos e nervos da coxa. A artéria e veia femoral são os vasos mais importantes dessa região. Elas viajam dentro do canal adutor (de Hunter), ligadas ao adutor longo e adutor magno (posteriormente), vasto medial (anteriormente) e sartório (anteromedialmente). Os vasos femorais profundos podem ser vistos bem próximos ao fêmur. O nervo ciático viaja através do compartimento posterior da coxa, anterior ao bíceps femoral. A veia grande safena é um vaso superficial dessa região que está localizada anteromedialmente, anterior ao músculo adutor longo. 

Pratique o seu conhecimento recém adquirido a seguir: 

Cortes da perna

O próximo corte é um corte da perna. A perna é a região do membro inferior que se estende do joelho até a articulação do tornozelo. Ela é formada por dois ossos (tíbia e fíbula) e três compartimentos musculares (anterior, lateral e posterior). Para entendermos a anatomia da secção transversal da perna, vamos fazer um corte a nível do músculo sóleo.  

De maneira geral, é bem fácil reconhecer um corte transversal da perna, principalmente por causa da tíbia. Este osso está localizado diretamente abaixo da pele na porção anterior da perna (topo da imagem). É por essa mesma razão que mesmo um toque leve nessa região pode doer tanto. Seguindo a lógica da anatomia, a fíbula está localizada lateralmente à tíbia, por isso aparece na porção lateral da secção transversal. 

A tíbia e a fíbula são os pilares ósseos da perna, ancorando diversos músculos. Elas estão conectadas por uma membrana interóssea e seus eixos aparecem como duas estruturas sólidas, ovais e brancas. 

Os músculos anteriores da perna estão localizados anteriormente à membrana interóssea na porção anterior da perna. O músculo mais profundo desse grupo (extensor longo do hálux) está coberto por dois músculos superficiais (extensor longo dos dedos e tibial anterior). O tibial anterior é o músculo de maior massa do compartimento anterior.  

Os músculos do grupo lateral são fáceis de identificar, pois eles estão bem perto e lateral à fíbula. De anterior para posterior, eles são chamados de fibular longo e fibular curto. Ambos são inervados pelo nervo fibular superficial. 

O compartimento posterior da perna é o maior e mais complicado de todos eles. Existem sete músculos no total, todos localizados posterior à membrana interóssea da perna. Os músculos profundos visíveis (tibial posterior e flexor longo dos dedos) estão localizados em íntimo contato com a membrana e os dois ossos. Eles são cobertos pelos músculos superficiais (sóleo e gastrocnêmio). As duas cabeças do gastrocnêmio são as mais visíveis e mais superficiais, formando os músculos visíveis da panturrilha. 

Em termos de vasos sanguíneos e nervos, podemos ver vários deles. Os vasos tibiais anteriores e o nervo fibular profundo viajam na superfície anterior da membrana interóssea, suprindo o compartimento anterior da perna. Os vasos tibiais posteriores estão localizados posterior ao tibial posterior, suprindo o compartimento posterior da perna. O nervo tibial, um ramo do nervo ciático, atravessa o tibial posterior e inerva todos os músculos do compartimento posterior. As veias safenas magna e parva viajam no tecido subcutâneo abaixo da pele e na porção posteromedial da perna, respectivamente. Você quer dominar o corte transversal da perna? Dê uma olhada nos recursos oferecidos abaixo e comece a identificar as estruturas nos nossos testes. 

Cortes do tórax

Até agora, nós vimos vários cortes da cabeça, pescoço e membros superior e inferior. Agora chegou a hora de abordarmos o tronco, onde os órgãos torácicos e abdominais estão localizados. Nessas áreas, os principais componentes são os órgãos e os vasos - e não os músculos. Vamos começar com um corte da região torácica. O tórax é a parte superior do tronco e está situado entre o pescoço e o abdômen. Ele consiste de uma parede torácica que circunda a cavidade torácica, a qual contém várias estruturas neurovasculares e órgãos. Vamos examinar algumas dessas estruturas em uma secção transversal passando pela terceira vértebra torácica

Paradoxalmente falando, orientar-se é muito mais fácil neste corte em comparação com os membros, apesar do aumento da complexidade do tórax. A forma típica da terceira vértebra torácica se encontra posteriormente (parte inferior da imagem) enquanto os pulmões estão apontando lateralmente. O esôfago pode ajudá-lo a distinguir a esquerda da direita, porque normalmente fica ligeiramente à esquerda da vértebra. 

Como de costume, vamos explorar a secção transversal começando pelos ossos e pela parede torácica. O manúbrio do esterno está localizado anteriormente, articulando com a clavícula e a primeira costela. Como as costelas da caixa torácica são orientadas inferiormente, porções da segunda, terceira e quarta costelas são visíveis ao redor do contorno dos pulmões. Os músculos intercostais e espaços também estão entre os fragmentos das costelas visíveis. A vértebra forma o pilar posterior da parede torácica. Ao redor da caixa torácica existem vários músculos do tronco, como os peitorais (maior e menor), serráteis (anterior e posterior), rombóide maior e trapézio.

Dentro da caixa torácica, você pode ver dois pulmões ao centro da imagem. Devido ao nível do corte, somente seus lobos superiores estão visíveis. Dois órgãos tubulares estão localizados entre os pulmões: o esôfago localizado diretamente anterior a T3 e a traqueia localizada  na frente do esôfago. Ao redor da traqueia existem três lúmens arteriais representando a artéria subclávia, artéria carótida comum esquerda e o tronco braquiocefálico. Anterior e lateral e à direita do tronco braquiocefálico existem duas veias braquiocefálicas (formas escuras), esquerda e direita, respectivamente. 

Entretanto, uma coisa bem óbvia está faltando acima, você não concorda? Você sabe que o tórax contém um órgão grande chamado coração. Vamos dar uma olhada nele fazendo um corte em um nível mais baixo, passando pela sétima vértebra torácica.

Este corte é bem semelhante ao corte anterior, com poucas exceções. Os lobos médios e inferiores dos pulmões estão visíveis, juntamente com as fissuras que os dividem. As veias pulmonares (esquerda e direita) que trazem sangue desoxigenado aos pulmões juntas com o brônquio principal esquerdo também estão aparentes. A pequena região anterior à vértebra torácica também mudou. A traqueia não está mais visível, pois ela se dividiu mais acima nos brônquios principais. Entretanto, a aorta descendente aparece lateralmente à esquerda, junto com a veia ázigos na linha média. 

Anterior à aorta e veia ázigos e entre os dois pulmões está o coração. Devido a sua orientação inferolateral dentro do tórax, o átrio e o ventrículo direitos estão voltados anteriormente, enquanto que o átrio e o ventrículo esquerdos estão voltados posteriormente. A aorta ascendente é vista emergindo do ventrículo esquerdo. As costelas, esterno e músculos da parede torácica também estão mais distintos. Entender a anatomia do tórax pode ser um desafio. Por que você não usa o atlas do Kenhub, vídeos e testes para facilitar o seu aprendizado? Eles estão bem aqui para você: 

Cortes do abdômen

Continuando em nosso caminho descendente no corpo, chegamos ao abdômen, que está localizado entre o tórax e a pelve. A parede abdominal circunda a cavidade abdominal, que abriga várias estruturas e órgãos abdominais. Vamos cortar o abdômen através da décima primeira vértebra torácica para ver alguns deles:

Se você achou fácil se localizar no tórax, no abdômen é mais fácil ainda. Como de costume, a vértebra se localiza posteriormente (parte de baixo da imagem). Distinguir a direita da esquerda também é fácil quando usamos o fígado como referência. Como você sabe, este grande órgão está localizado do lado direito do abdômen, de forma que a esquerda da figura é a lateral direita do paciente. Aqui vai uma dica -  você pode prever o nível do corte transversal no tórax e no abdômen se você olhar para as vértebras. Elas aumentam em tamanho à medida que você desce na coluna vertebral e têm características específicas dependendo do seu tipo. 

Nós vamos começar pela parede abdominal. Além da vértebra torácica posterior, você pode ver as costelas envolvendo a cavidade abdominal. O processo xifóide do esterno e as cartilagens costais da 7ª à 12ª costelas estão situadas anteriormente. A parede abdominal também contém alguns músculos. Localizado posteriormente e de medial para lateral, eles são chamados de: longuíssimo do tórax, iliocostal lombar e latíssimo do dorso. Interceptados entre as costelas estão os músculos intercostais externos, enquanto anteriormente podemos ver os retos abdominais ou músculos do “taquinho”. Localizado mais profundamente e circulando toda a cavidade abdominal está o músculo diafragma.  

Em termos de órgãos, a grande massa localizada na lateral direita é o lobo direito do fígado. Medial a ele, na linha média, está o lobo esquerdo. O segundo órgão sólido e parenquimatoso visto neste nível é o baço, que está localizado posterior e na lateral esquerda. Anterior ao baço você pode ver também quatro estruturas ocas. A mais posteromedial delas possui uma borda interna irregular, portanto é o estômago. Mais anterior, existem dois órgãos ocos com a borda interna regular. Eles representam as partes descendente e transversa do cólon. Por último, a grande estrutura oca localizada perto da parede abdominal anterior é a parte pilórica do estômago. Ela também tem a borda interna irregular (dobras mucosas). Como você pode ver, a regularidade dessas estruturas pode te ajudar a identificá-las. 

Existem ainda algumas estruturas neurovasculares a serem discutidas. A aorta abdominal está situada anterior à vértebra e um pouco à sua esquerda. À direita da aorta e dentro do maior lobo do fígado está a veia cava inferior. A veia hepática está localizada anterior à veia cava inferior e dentro do lobo direito do fígado. 

O abdômen não acaba simplesmente ao nível de T11. Ele continua inferiormente, então vamos fazer um outro corte transversal ao nível da primeira vértebra lombar

Ele é bem diferente, né? As mudanças mais óbvias são o tamanho reduzido do fígado e a aparência de vários órgãos. Os rins estão visíveis anterior à parede abdominal, posterior e lateralmente à vértebra e aos músculos quadrado lombar e psoas maior. Lateral e à direita do rim direito está o lobo direito do fígado, muito menor neste corte. Anterior a ele, você pode ver o cólon ascendente seguido pelo cólon transverso. O último forma duas cavidades distintas posterior à parede abdominal anterior, pois o cólon transverso está “pendurado” no abdômen, ao invés de atravessá-lo de maneira retilínea. O baço está localizado lateral ao rim esquerdo, enquanto o duodeno, jejuno e cólon descendente são encontrados anteriormente ao rim e ao baço. Eles aparecem de várias formas e tamanhos devido ao seu curso cheio de curvas dentro do abdome.  

A aorta abdominal tem um formato diferente devido à ramificação da artéria mesentérica superior. Anterior à veia cava inferior você pode ver o pâncreas, órgão parenquimatoso, o ducto biliar e a veia mesentérica superior. Se você quiser aprender mais detalhes sobre os cortes do abdômen, dê uma olhada abaixo:

Cortes da pelve masculina e pelve feminina

A pelve é a parte inferior do tronco e estendendo-se inferior ao abdômen. Ela é formada pela cintura pélvica e pelo períneo e dá suporte aos órgãos urinários e reprodutores. Como você sabe, as estruturas pélvicas no homem e na mulher não são idênticas. Nós vamos examinar as estruturas masculinas primeiro, ao fazermos um corte ao nível da extremidade distal do cóccix

Como se orientar na imagem acima? Da mesma forma que em todos os outros casos. O reto, representado por uma cavidade, está localizado posteriormente (parte de baixo da imagem). Alternativamente, você pode procurar pelo cóccix, que também aponta posteriormente. Caso essas estruturas não estejam claramente visíveis, você pode usar a extremidade proximal do fêmur como referência. Se você for um verdadeiro conhecedor de anatomia, você saberá que o colo do fêmur aponta um pouco anteriormente na articulação do quadril. Este é um outro truque que você pode usar para distinguir anterior de posterior. 

A cintura pélvica forma o esqueleto da pelve. Devido ao nível deste corte, somente o osso púbico (anterior) e o ísquio (posterior) são observados. Eles formam o acetábulo, que está representado por uma forma semilunar avermelhada. Se você conhece a orientação deste corte, você pode facilmente identificar os ossos, pois o osso púbico se localiza anteriormente na pelve. O acetábulo se articula com a cabeça do fêmur, que continua lateralmente com o colo e o trocanter maior. 

A cintura pélvica, incompleta neste corte, circunda três estruturas viscerais. De anterior para posterior, elas incluem a bexiga urinária, a próstata e o reto. O reto está parcialmente encoberto pelo elevador do ânus, que se situa posteriormente.

Os principais músculos da pelve estão localizados na região glútea posterior. O gêmeo inferior (lateral) e o obturador interno (medial) estão localizados profundamente, em grande proximidade e posterior ao fêmur e ao acetábulo. O glúteo máximo, grande e superficial, cobre esses dois músculos. O nervo ciático pode ser encontrado entre as duas camadas musculares. Os músculos do compartimento anterior da coxa estão localizados anterior ao fêmur. Você já viu alguns deles quando discutimos o corte transversal da coxa. Entretanto, alguns outros estão presentes aqui, de medial para lateral: pectíneo, iliopsoas, reto femoral e tensor da fáscia lata. O sartório é o mais superficial deles, localizado anterior aos outros três. A artéria, veia e nervo femoral estão localizados no trígono femoral formado pelo sartório (lateral), pectíneo e iliopsoas. A veia é fácil de encontrar, pois ela tem o maior diâmetro dentre os três. Medial ao trígono femoral, na linha média, você pode ver o cordão espermático e o músculo reto abdominal.   

Agora que vimos a pelve masculina, vamos dar uma olhada na feminina examinando um corte transversal que passa também através do cóccix, mais em um nível ligeiramente superior. 

Você pode usar pontos de referência muito similares para te orientar neste corte, exatamente igual na versão masculina. É bem evidente que os ossos e a anatomia muscular não mudou muito nesta imagem, já que homens e mulheres têm exatamente os mesmos ossos e músculos. O cólon sigmóide está visível posteriormente simplesmente porque esse corte foi feito em um nível mais alto, superior ao reto. Medial ao músculo iliopsoas podemos ver a artéria e a veia ilíaca externa. Além disso, os vasos ilíacos internos estão localizados medialmente aos ossos pélvicos. Como sempre, as veias e artérias podem ser facilmente diferenciadas pelo calibre de seus lúmens. 

Entretanto, você pode ver que as vísceras pélvicas no centro tem um arranjo ligeiramente diferente. Isso porque o útero está localizado anterior ao cólon sigmóide e ao reto e posterior à bexiga urinária. Esses dois cortes da pelve fornece um resumo das pelves masculina e feminina. Comece a revisar seu conhecimento recém-adquirido usando os testes e estude alguns cortes axiais adicionais para formar uma visualização completa das estruturas da pelve. 

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Kim Bengochea Kim Bengochea, Universidade de Regis, Denver
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