Fêmur
O fêmur é o osso mais forte e mais comprido do corpo, ocupando o espaço do membro inferior, entre as articulações do quadril (anca) e do joelho. A anatomia do fêmur é de tal modo única que torna o osso adequado para suportar as numerosas fixações musculares e ligamentares nesta região, além de estender maximamente o membro ao máximo durante a deambulação. Proximalmente, o fêmur articula-se com o osso pélvico. Distalmente, interage com a patela (rótula) e o aspeto proximal da tíbia.
O fêmur começa a desenvolver-se entre a quinta e a sexta semana de gestação através de ossificação endocondral (em que um osso é formado a partir de uma base cartilaginosa). Embora vários centros de ossificação (pontos de desenvolvimento ósseo) apareçam ao longo da vida intrauterina, o osso continua a se desenvolver através da infância e adolescência precoce. A ossificação do fêmur fica concluída entre o 14.º e o 18.º ano de vida.
Referências |
Extremidade proximal - cabeça, pescoço, trocânter maior, trocânter menor, crista intertrocantérica Diáfise - Bordos: lateral e medial; Faces: anterior, medial, lateral; Cristas: crista lateral (tuberosidade glútea), linha pectínea, linha espiral (estas três linhas convergem e formam a linha áspera) Extremidade distal - côndilos laterais e mediais, fossa intercondilar, epicôndilos lateral e medial |
Articulações | Quadril (anca): cabeça femoral com o acetábulo da pelve Joelho: côndilos lateral e medial do fêmur com o prato tibial da tíbia (articulação tibiofemoral); Face patelar (rotuliana) do fêmur com a face posterior da patela (rótula) (articulação patelofemoral) |
Vascularização | Anastomose trocantérica, anastomose cruzada |
Doenças do fêmur | Fratura do colo do fêmur, deslocamento da epífise femoral, Impacto femoroacetabular |
Este artigo irá rever a anatomia macroscópica do fêmur. Também irá discutir o suprimento sanguíneo do fêmur e resumir os pontos de fixação muscular e ligamentar, além de incluir discussão adicional sobre o exame clínico e distúrbios do fêmur.
- Referências
- Mecânica
- Articulações
- Vascularização
- Fixações musculares
- Doenças relacionadas com o fêmur
- Referências
Referências
Extremidade proximal
A extremidade proximal do fêmur inclui:
- Cabeça femoral
- Colo
- Trocânteres
- Crista intertrocantérica
- Linha intertrocantérica
A cabeça do fêmur é uma estrutura aproximadamente esférica que se situa súpero-medialmente e se projeta anteriormente do colo do fêmur. A convexidade lisa da cabeça femoral é interrompida na face póstero-inferior por uma depressão conhecida como fóvea do ligamento da cabeça (fóvea da cabeça do fêmur). Isso facilita a fixação do ligamento da cabeça do fêmur (também chamado de ligamento foveal ou ligamento redondo). Este ligamento origina-se da incisura acetabular e acomoda a artéria do ligamento da cabeça do fêmur. A cabeça femoral forma a “bola” na articulação do tipo “bola e soquete” (esferoide) da anca. A cabeça do fêmur também está localizada dentro da cápsula articular e é coberta por uma membrana sinovial.
O colo femoral tem cerca de 5 cm de comprimento e pode ser subdividido em três regiões. O aspeto mais lateral (a parte mais próxima do trocânter maior) é conhecido como base do colo do fêmur ou porção basicervical do colo, e é a parte mais larga do colo do fêmur. O segmento médio é também referido como porção médio-cervical e é a parte mais estreita do colo do fémur. A parte mais súpero-medial é a porção subcapital; esta parte é mais larga do que a porção médio-cervical, mas mais estreita do que o segmento basicervical. Existem numerosos forames (buracos) ao longo da superfície anterior e posterior do colo do fémur para facilitar o fornecimento adequado de sangue.
A cabeça e a diáfise femorais estão situadas em um ângulo de aproximadamente 130 graus. Este ângulo colodiáfise (ângulo de inclinação) é maior em crianças e diminui gradualmente para o ângulo anteriormente referido. Permite que o membro oscile sem colidir com a pelve. Não só existem diferenças relacionadas com a idade no ângulo de inclinação, mas também há dimorfismo sexual significativo no que concerne a esta característica anatômica. As fêmeas genotípicas tendem a ter um ângulo de inclinação maior do que os machos genotípicos. Esse recurso contribui para a diferença na marcha entre os dois sexos. O próprio colo é antevertido (rodado lateralmente) num ângulo que pode variar entre 10 - 15º (ângulo de torção).
O bordo superior do colo femoral é quase horizontal, com uma concavidade mais próxima da junção com o trocânter maior. O bordo inferior tem uma orientação mais oblíqua e projeta-se póstero-inferiormente e lateralmente, em direção ao trocânter menor. A face posterior do colo do fêmur dirige-se póstero-superiormente. É caracterizada por uma concavidade longitudinal e uma convexidade transversal, e a sua porção distal está localizada fora da cápsula articular. Por outro lado, a face anterior é achatada, localizada dentro da cápsula articular, e encontra-se com a extremidade proximal da diáfise femoral na linha intertrocantérica.
As apófises femorais são protuberâncias proeminentes encontradas no aspeto proximal do fêmur. A lateral e maior das duas apófises é o trocânter maior; a sua extremidade proximal encontra-se aproximadamente a uma mão do tubérculo púbico no púbis. O trocânter maior é aproximadamente quadrangular e estende-se do aspeto superior da junção entre o colo e a diáfise do fêmur. Está associado a uma depressão áspera, em forma de crescente, conhecida como fossa trocantérica, que se encontra na face medial da apófise. O bordo lateral do trocânter maior está em continuidade com a diáfise femoral.
A apófise medial é menor, mais cônica e estende-se no plano póstero-medial. É chamada de trocânter menor. Embora o ápice e a face anterior do trocânter menor sejam ásperos ao toque, de resto, o trocânter menor é liso. Ao contrário do seu companheiro maior, o trocânter menor não pode ser palpado.
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Existem duas linhas que ligam os trocânteres maior e menor na face anterior e posterior do fêmur proximal. A linha intertrocantérica encontra-se anteriormente, enquanto a crista intertrocantérica se encontra posteriormente. A linha intertrocantérica inicia-se anteriormente num tubérculo no ápice do grande trocânter, junto à interseção entre o colo e a diáfise do fêmur. Ela depois segue em sentido ínfero-medial para um tubérculo no ponto inferior do trocanter menor. A linha continua depois como a linha espiral do fêmur no aspeto inferior da linha intertrocantérica e continua até o lábio medial da linha áspera na diáfise femoral. Funciona como o ponto de inserção para as bandas superior e inferior do ligamento iliofemoral, que está fixo ao tubérculo proximal e distalmente, respetivamente.
Por outro lado, a crista intertrocantérica é mais pronunciada do que a linha intertrocantérica. É uma crista conspícua na face posterior do fêmur, que começa na interseção do colo e do colo do fêmur. Estende-se ínfero-medialmente do trocânter maior para o trocânter menor. É de notar que o tubérculo quadrado do fêmur também se encontra ao longo da crista intertrocantérica.
Diáfise
A diáfise femoral é uma estrutura cilíndrica com significativa variabilidade entre indivíduos. A diáfise é relativamente larga na extremidade proximal, mas torna-se progressivamente mais estreita em direção ao meio. É curva anteriormente, o que contribui para a capacidade de suporte do osso. A diáfise sofre então uma expansão acentuada na direção da extremidade distal. Anteriormente, a diáfise é suave e desprovida de características distintivas. No entanto, a superfície posterior é mais acidentada, pois permite a fixação dos grandes músculos da coxa.
Embora seja descrita como sendo uma estrutura cilíndrica, a diáfise do fêmur tem várias superfícies e bordos que se misturam perfeitamente. Na região média da diáfise, existem três faces e três bordos. A face anterior convexa é limitada pelos bordos medial e lateral arredondadas. Há uma face póstero-lateral que é limitada anteriormente pelo bordo lateral e posteriormente pela linha áspera. Há também uma superfície póstero-medial que é limitada pelo bordo medial anteriormente e pela linha áspera posteriormente.
Existe uma terceira tuberosidade, chamada de tuberosidade glútea. Embora não seja uma verdadeira tuberosidade, ela pode ser grande o suficiente para ser considerada como tal. É áspera e alongada ao longo do maior eixo da diáfise, encontrando-se na face posterior proximal do fêmur. O sulco é contínuo com o lábio lateral da linha áspera. Na parte medial proximal posterior do fêmur, encontra-se uma outra (pequena crista) conhecida como linha pectínea. Esta linha é o ponto de fixação do músculo pectíneo.
A parte mais pronunciada da face posterior é a linha áspera. Esta é uma impressão longitudinal elevada que percorre o maior eixo do fêmur. É composta de um lábio medial e lateral; o primeiro originando-se perto do trocânter menor, e o segundo surgindo do trocânter maior. Os lábios medial e lateral unem-se ao longo do terço médio da diáfise femoral, viajando medialmente ao forame (buraco) nutritivo.
A linha áspera diverge então em direção ao terço distal do fêmur, onde os lábios medial e lateral tornam-se contínuos com sua respectiva linha supracondilar ipsilateral (linhas supracondilares medial e lateral). A linha supracondilar medial continua até o tubérculo adutor (no côndilo medial) e a linha supracondilar lateral termina no côndilo lateral.
A face poplítea do fêmur é um espaço triangular encontrado na face posterior distal do fêmur. É delimitada medial e lateralmente pelas linhas supracondilares correspondentes, e inferiormente pelo bordo superior da cápsula fibrosa do joelho. O aspecto caudal da superfície faz parte do pavimento da fossa poplítea.
Extremidade distal
O fêmur distal não é apenas a parte mais larga do osso, mas também interage tanto com a tíbia proximal quanto com a patela (rótula). A extremidade distal do fêmur é composta pelos côndilos medial e lateral, pela fossa intercondilar e pela face patelar (rotuliana). Compreenda melhor a interação entre o fêmur, a tíbia e a patela (rótula), aprendendo mais sobre estes dois últimos ossos usando os dois recursos a seguir!
Embora o côndilo medial seja menor do que o côndilo lateral, este é mais facilmente palpável. Também é responsável pelo abaulamento característico dos joelhos. Está associado a uma pequena protuberância cônica conhecida como tubérculo adutor, que fornece um ponto de fixação para o grande adutor magno (um poderoso músculo medial da coxa que move a coxa medialmente). O epicôndilo medial está situado inferior e anteriormente ao tubérculo adutor. Também fornece fixação para o tendão do músculo adutor magno, assim como para o ligamento colateral medial (estrutura de suporte que conecta a tíbia ao fêmur). Os tendões dos músculos sartório e grácil também passam (mas não se fixam) sobre o côndilo medial do fêmur.
Dos dois côndilos, o côndilo lateral é maior e mais proeminente do que o côndilo medial. À semelhança do seu companheiro, também está associado a um epicôndilo lateral, que funciona como ponto de fixação para o ligamento colateral lateral e para o ligamento anterolateral. O côndilo lateral também tem um sulco raso inferiormente ao epicôndilo lateral através do qual passa o tendão poplíteo. É conhecido como sulco poplíteo. Existem três músculos que surgem do aspeto posterior do côndilo femoral lateral. Estes são (de cranial para caudal) o músculo plantar, a cabeça lateral do gastrocnêmio e o músculo poplíteo. O ligamento colateral lateral, uma estrutura de suporte que fixa a fíbula (perónio) ao fêmur, também tem uma inserção no côndilo lateral. Encontra-se profundamente ao trato iliotibial (continuação fibrosa do tensor da fáscia lata), que também se insere no côndilo femoral lateral.
Embora os côndilos femorais medial e lateral estejam conectados anteriormente, eles são separados caudalmente pela fossa intercondilar. Esta fossa é limitada anteriormente pela face patelar (rotuliana) e posteriormente pela linha intercondilar. É uma área rugosa com numerosos forames (buracos) vasculares para acomodar vasos. Embora a fossa esteja localizada dentro da cápsula articular, a maior parte fica fora da membrana sinovial. A parede medial da fossa é formada pela face lateral do côndilo medial, enquanto a parede lateral é formada pela face medial do côndilo lateral. Ambas as paredes apresentam recortes que acomodam a fixação do ligamento cruzado, surgindo do lado oposto dos pratos tibiais. Em outras palavras, a face lateral do côndilo medial (a parede medial da fossa intercondilar) serve como ponto de fixação do ligamento cruzado posterior; enquanto que a face medial do côndilo lateral (a parede lateral da fossa intercondilar) apresenta um recorte para o ligamento cruzado anterior. Esses recortes suaves são as únicas áreas dentro da fossa intercondilar que são desprovidas de forames (buracos) vasculares.Na face anterior do fêmur distal, em direção ao ápice anterior da fossa intercondilar, há uma área conhecida como face patelar (rotuliana) ou sulco troclear. A parte proximal da fossa orienta-se obliquamente devido ao fato de estar ligeiramente desviada para o côndilo lateral. A principal função do sulco é estabilizar a patela (rótula) durante a deambulação.
Mecânica
Os seres humanos são organismos bípedes, o que significa que são capazes de andar sobre duas pernas. A distribuição do peso do organismo é importante para evitar traumas nas estruturas de suporte. A relação do fêmur com suas articulações proximais e distais é bastante singular. Em primeiro lugar, o colo do fêmur angula-se súpero-medialmente para se encaixar no acetábulo. Um ângulo ideal entre o bordo inferior do colo do fêmur e a face medial da diáfise femoral deve ter entre 120 e 130 graus. Este ângulo de inclinação garante que o peso da parte superior do corpo passa ao longo do eixo mecânico do fêmur. Esse eixo pode ser identificado traçando uma linha vertical do centro da cabeça femoral até o centro de uma linha horizontal nos pratos tibiais (o centro da linha da articulação do joelho). Note que o eixo mecânico do fêmur difere do eixo anatômico do fêmur (uma linha que vai do centro do trocanter maior ao longo da diáfise femoral e termina no centro da linha articular do joelho).
O ângulo entre os eixos mecânico e anatômico do fêmur é de cerca de 8 graus. No entanto, a variação extrema do ângulo de inclinação pode alterar essa relação e aumentar a quantidade de estresse no colo do fêmur. A tíbia também tem um eixo mecânico (o eixo mecânico da tíbia) que vai da linha da articulação do joelho até o centro da articulação do tornozelo.
Ambos os ossos femorais convergem naturalmente para o joelho. Esta inclinação de convergência é medida e registrada como ângulo de convergência. A variação no ângulo de convergência afeta o ângulo entre os aspetos laterais da tíbia e do fêmur (ângulo femoral-tibial, que é de aproximadamente 175 graus). Esta medida pode ser usada como um substituto do gold standard para avaliar os alinhamentos axiais, que é o ângulo quadril-joelho-tornozelo. Consequentemente, qualquer variação extrema deste ângulo (como as variações vistas nas deformidades em varo e valgo) resultará em desalinhamento dos eixos mecânicos dos respetivos ossos. Com o tempo, o desalinhamento pode resultar na destruição das superfícies articulares e progressão da osteoartrite.
Articulações
O fêmur possui dois importantes pontos de articulação que fornecem suporte estrutural para o corpo: a articulação do quadril (anca) proximalmente; e a articulação do joelho distalmente. Além disso, há numerosos ligamentos de suporte nas articulações proximal e distal do fêmur que fornecem suporte adicional às articulações. Verifique a tabela abaixo que resume os ligamentos associados a cada articulação.
Todos os três ossos do quadril (anca), isto é, o ísquio, o ílio e o púbis, contribuem para a formação de uma concavidade relativamente pouco profunda no aspeto lateral do osso, conhecida como acetábulo. A cabeça femoral se articula com o quadril (anca) através do acetábulo, dando origem à articulação do quadril (anca), também conhecida como articulação femoro-acetabular ou coxofemoral. O ligamento da cabeça do fêmur encontra-se fixo à fóvea (depressão rasa na parte súpero-medial da cabeça do fêmur) e ao centro do acetábulo. Esta articulação é ainda reforçada pelos ligamentos pubofemoral e iliofemoral anteriormente, e o complexo ligamento isquiofemoral posteriormente.
Domine a anatomia da articulação do quadril com os recursos abaixo.
A articulação do joelho é uma articulação relativamente instável formada pela interação de três ossos: os côndilos femorais articulam-se com os pratos tibiais (articulação tibiofemoral) e a patela (rótula) (articulação patelofemoral). Esta intrincada combinação de ossos é ainda reforçada por numerosos ligamentos para melhorar a sua estabilidade.
Os côndilos femorais repousam em depressões complementares muito rasas nos pratos tibiais proximais, chamadas de facetas. A profundidade de cada faceta é ligeiramente aumentada por anéis cartilaginosos incompletos, conhecidos como meniscos. O menisco lateral é incompleto medialmente, enquanto o menisco medial é incompleto lateralmente. As extremidades livres de cada menisco (os cornos) estão ligadas aos pratos tibiais por ligamentos. Os pratos tibiais também servem como ponto de fixação dos ligamentos cruzados anterior e posterior que se inserem na parede contralateral da fossa intercondilar.
Você está curioso para saber mais sobre as complexidades da articulação do joelho? Basta clicar abaixo, é assim tão fácil!
A patela (rótula) articula-se com a face patelar (rotuliana) do fêmur distal. Este osso triangular encontra-se suspenso dentro do tendão do músculo reto femoral superiormente, e o tendão patelar (rotuliano) inferiormente.
A interação desses três ossos requer numerosos ligamentos para impedir a desarticulação (separação dos ossos que interagem na articulação). Enquanto os ligamentos cruzados e meniscofemoral fornecem suporte dentro da cápsula articular sinovial, fora da cápsula encontram-se ligamentos mais robustos para manter os ossos alinhados. Os ligamentos extracapsulares que suportam o joelho são os dois ligamentos colaterais, um em cada lado da articulação, e o ligamento patelar (rotuliano), anteriormente. Posteriormente, o ligamento poplíteo oblíquo (que é uma continuação do tendão do músculo semimembranoso) suporta a cápsula articular. Os músculos da coxa que cruzam o joelho também fornecem suporte adicional para a articulação.
Acetabular transverso | Fixo às extremidades livres do lábio (bordalete) acetabular. |
Da cabeça do fêmur | Fixo à fóvea da cabeça femoral e ao centro do acetábulo. |
Pubofemoral | Fixo à crista e membrana obturadora, eminência iliopúbica, e ramo púbico superior; funde-se com o ligamento iliofemoral distalmente. |
Iliofemoral | Proximalmente, insere-se entre a espinha ilíaca ântero-superior e o lábio acetabular; distalmente, fixa-se na linha intertrocantérica. Também conhecido como ligamento em Y de Bigelow ou ligamento de Bertin. |
Isquiofemoral | Do trocânter maior para o ísquio. Suporta a articulação posteriormente. Constituído por bandas medial, lateral e central. |
Cruzado anterior | Com origem na eminência tibial medial e insere-se póstero-medialmente na parede medial do côndilo lateral. |
Cruzado posterior | Emerge da área intercondilar posterior para se inserir na parede lateral do côndilo medial. |
Colateral fibular (lateral) | Do côndilo femoral lateral para a cabeça da fíbula (perónio). Funde-se com o tendão do bíceps (bicípite) femoral, mas não se integra com a cápsula da articulação. |
Colateral tibial (medial) | Surge inferiormente ao tubérculo adutor do côndilo femoral lateral, para o epicôndilo medial da tíbia. Integra-se com a cápsula articular. |
Patelar (Rotuliano) | Fixo à face posterior e ápice da patela (rótula). Funde-se com as fibras do tendão do reto femoral anteriormente. Insere-se na tuberosidade tibial. |
Poplíteo oblíquo | Continuação do tendão do músculo semimembranoso. Suporta a articulação do joelho posteriormente. |
Vascularização
O suprimento sanguíneo do fêmur proximal é de particular interesse médico devido à sua suscetibilidade a danos. A chamada anastomose trocantérica inclui as artérias femorais circunflexas medial e lateral (ramos da artéria femoral), juntamente com ramos das artérias glúteas superior e inferior. Os ramos que surgem da artéria femoral profunda também se anastomosam com ambas as artérias femorais circunflexas, assim como a artéria glútea inferior, para formar a anastomose cruzada. Eles contribuem para um anel anastomótico ao redor do colo do fêmur.
Surgindo do anel anastomótico estão as artérias do colo que perfuram a cápsula articular para se tornarem artérias retinaculares. Essas artérias retinaculares eventualmente formam sua própria anastomose intracapsular dentro da cápsula. Há outro - embora pequeno - suprimento de sangue proveniente da artéria obturatória e que percorre o ligamento da cabeça do fêmur. O problema surge se houver danos no colo do fêmur, porque isso poderia comprometer a vascularização da cabeça do fêmur e levar a necrose avascular.A extremidade distal do fêmur tem um rico suprimento sanguíneo proveniente dos vasos poplíteos e das perfurantes profundas. Estes vasos não são tão vulneráveis quanto os do colo do fêmur. Portanto, o risco de necrose avascular é insignificante nesta área. A diáfise femoral recebe o suprimento sanguíneo das artérias nutritivas, oriundas da artéria femoral profunda.Todas as artérias e ramos acima podem ser extremamente confusos! Especialmente com tantas anastomoses acontecendo. Simplifique seu aprendizado analisando os seguintes recursos:
Fixações musculares
O fêmur é um componente integral da deambulação. Muitos dos grandes músculos da coxa surgem e inserem-se nas várias partes do fêmur. Há músculos que se originam da pelve e se inserem na face anterior ou posterior do fêmur para facilitar a flexão e extensão ao redor dos quadris (ancas). Os músculos que surgem do fêmur atravessarão a articulação do joelho para se inserir na tíbia proximal, promovendo flexão e extensão do joelho. As tabelas abaixo resumem os músculos da coxa e seus pontos de origem ou inserção em relação ao fêmur.
Ilíaco e Psoas maior (Iliopsoas) | Trocânter menor |
Pectíneo | Linha pectínea, linha áspera |
Obturador externo | Fossa trocantérica do fêmur |
Obturador interno | Face medial do trocânter maior |
Gêmeos superior e inferior | Face medial do trocânter maior (através do tendão do obturador interno) |
Piriforme | Ápice do trocânter maior (superior e lateral à inserção do obturador interno) |
Glúteo máximo | Trato iliotibial, tuberosidade glútea |
Glúteo médio | Aspeto lateral do trocânter maior |
Glúteo mínimo | Aspeto anterior do trocânter maior |
Quadrado femoral | Crista intertrocantérica |
Adutor magno | Porção adutora: Tuberosidade glútea, linha áspera (lábio medial), linha supracondilar medial Porção isquiocondilar: Tubérculo adutor |
Adutor curto | Linha áspera (lábio medial) |
Adutor longo | Linha áspera (lábio medial) |
Quem poderia pensar que tantos músculos se podem inserir em um osso, certo? Se você quiser vê-los claramente, assista a videoaula a seguir.
Vasto lateral | Linha áspera, trocânter maior |
Vasto intermedio | Face anterior da diáfise femoral |
Vasto medial | Linha intertrocantérica |
Articular do joelho | Divergência distal dos lábios medial e lateral da linha áspera |
Cabeça curta do bíceps (bicípite) femoral | Linha áspera (lábio lateral), linha supracondilar lateral |
Plantar | Linha supracondilar lateral do fêmur, Ligamento poplíteo oblíquo do joelho |
Gastrocnêmio | Cabeça lateral: Face póstero-lateral do côndilo femoral lateral Cabeça medial: Côndilo femoral medial, face poplítea da diáfise femoral |
Poplíteo | Côndilo femoral lateral, corno posterior do menisco lateral da articulação do joelho |
Agora teste seus conhecimentos sobre o maior osso do corpo humano.
Doenças relacionadas com o fêmur
Os traumatismos são o mecanismo mais comum de lesão nas patologias do fêmur. No entanto, existem outros distúrbios que podem surgir de eventos não traumáticos (por exemplo, epifisiólise proximal do fêmur ou o conflito femoroacetabular). As doenças neoplásicas associadas ao fêmur não serão incluídas nesta discussão.
Fraturas do colo do fêmur
O colo cirúrgico do fêmur é o local mais vulnerável para uma fratura. Essas fraturas podem ser classificadas como intracapsulares ou extracapsulares. As fraturas extracapsulares também são chamadas de fraturas basicervicais, enquanto as fraturas intracapsulares são transcervicais e subcapitais. As duas últimas apresentam o maior risco de resultar em necrose avascular da cabeça femoral. A lesão deve-se geralmente à transmissão proximal de uma alta velocidade a partir da extremidade distal do osso. Alternativamente, uma queda de qualquer altura em um paciente idoso também pode resultar em uma fratura do colo do fêmur. A fratura do colo do fêmur associada a lesões de baixa velocidade geralmente ocorre em um contexto de osteopenia (diminuição da densidade óssea), que se pode relacionar com a idade ou dieta.
Os pacientes podem fornecer uma história de trauma e dor associada à lesão. Muitas vezes há uma história de dificuldade na deambulação (que também exacerba a dor) e uma discrepância de comprimento de membro associado. Este último resulta do fato de que o membro afetado pode não estar mais na posição anatômica, pois a lesão pode ter causado uma deformação rotacional ou luxação do osso.
Epifisiólise proximal do fêmur
A nível histológico, a fise (cartilagem de crescimento) é uma área de rápida reprodução dos condrócitos. Esta área cartilaginosa é o ponto de crescimento do osso em expansão. No entanto, em alguns indivíduos, a taxa de crescimento na fise é muito rápida e a interação entre a cabeça femoral (epífise proximal) e o colo do fêmur é instável. Portanto, a cabeça do fêmur pode "escorregar" para fora do colo que a suporta, advindo daí o nome epifisiólise proximal do fêmur. Esta doença é mais comumente encontrada em pré-adolescentes ou adolescentes do sexo masculino, mas também pode ser visto em mulheres. Apesar de a maioria dos casos afetar apenas um lado (a esquerda mais frequentemente do que a direita), não é incomum ver patologia bilateral. Outros distúrbios associados, como obesidade, endocrinopatias (como anomalias da hormona de crescimento, hipotireoidismo e hipogonadismo) também têm sido observados como fatores predisponentes ao desenvolvimento de epifisiólise proximal do fêmur. Embora esses fatores tenham sido identificados, não foi encontrada uma causa precisa subjacente a essas observações.
Os pacientes podem apresentar um início agudo de dor e incapacidade de deambulação ou dor crônica no quadril (anca), com dor referida aos joelhos. Em outros casos, os pacientes são conhecidos por terem a doença com um agravamento agudo da epifisiólise (crônica agudizada). Ao exame, o membro afetado encontra-se rodado externamente quando o quadril (anca) está fletido e pode haver discrepância no comprimento do membro. Uma radiografia ântero-posterior da pelve demonstrará a perda da curva de Shenton, a linha de Klein e o evidente deslizamento da epífise proximal.
Os médicos também podem querer considerar fraturas do colo do fêmur ou patologias primárias do joelho como possíveis diagnósticos diferenciais. Os ortopedistas optam por corrigir este problema fixando a epífise proximal sem reduzir o deslocamento. A preocupação é que a redução da epífise ao seu estado original possa perturbar a delicada anastomose arterial, levando à necrose avascular da cabeça femoral.
Conflito femoroacetabular
O conflito femoroacetabular é uma doença mecânica caracterizada por dor no quadril (anca) com movimentos ativos e passivos (particularmente flexão e rotação) como resultado do contato entre a cabeça femoral e o acetábulo. Ao longo do tempo, o desgaste recorrente resulta em danos no revestimento cartilaginoso, levando à osteoartrite. Este distúrbio pode ser ainda classificado com base na morfologia dos ossos envolvidos. Se o problema for devido a uma cabeça femoral anormal (cabeça esférica do fêmur), então é chamada de deformidade tipo “cam”. Por outro lado, se houver um crescimento excessivo do acetábulo de tal forma que ele atinja a cabeça do fêmur durante o movimento, fica conhecido como deformidade tipo “pincer”. Naturalmente, há casos em que a cabeça femoral esférica coexiste com um acetábulo excessivamente grande. Essas situações são classificadas como deformidades mistas.
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