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Língua

Videoaula recomendada: Língua e epiglote [21:24]
Propriedades histológicas da língua e da epiglote.

O mundo está repleto de estímulos com os quais os seres vivos interagem todos os dias. Cada indivíduo é capaz de perceber, processar e integrar esses estímulos com a ajuda de receptores sensitivos gerais e especiais espalhados pelo corpo. A língua é um órgão localizado na cavidade oral que não só facilita a percepção dos estímulos gustativos, como também tem um papel importante na mastigação e na deglutição. Além disso, ela é essencial para a fala, já que ajuda na articulação das palavras.

É importante entendermos a terminologia associada com as estruturas que iremos estudar. O prefixo/sufixo “glosso” é comumente utilizado em referência à palavra “língua”. Por isso, o nome glossofaríngeo se refere ao músculo que se origina na língua e se insere na faringe. De maneira semelhante, o nome hioglosso se refere ao músculo que se origina no osso hioide e se insere na língua.

Informações importantes sobre a língua
Partes Ápice, corpo e raiz
Superfícies Dorsal (superior) e ventral (inferior)
Relações Anterior e lateral - dentes
Superior
- palato duro e palato mole
Inferior
- mucosa do assoalho da cavidade oral, glândulas salivares sublinguais, parede posterior da orofaringe
Posterior
- epiglote, introito faríngeo
Lateral
- arcos palatoglosso e palatofaríngeo
Músculos Intrínsecos - longitudinal superior, vertical, transverso, longitudinal interior
Extrínsecos
- genioglosso, hioglosso, estiloglosso, palatoglosso
Inervação Plexo faríngeo e nervos hipoglosso, lingual, glossofaríngeo, facial, vago e corda do tímpano
Vascularização Artérias lingual, dorsais da língua, profundas da língua, palatina ascendente, tonsilar, faríngea ascendente
Drenagem linfática Linfonodos marginais, centrais, dorsais, submandibulares, jugulo-omo-hióideos e cervicais profundos
Mucosa Epitélio escamoso estratificado queratinizado (superfície dorsal) e não queratinizado (superfície ventral)
Papilas linguais Filiformes, fungiformes, folhadas e circunvaladas
Botões gustativos Epitélio escamoso estratificado
Estrutura - células gustativas, células de suporte, células-tronco basais, poro gustativo

Este artigo vai discutir o desenvolvimento e a anatomia da língua, com ênfase na sua composição muscular, inervação e drenagem linfática.

Conteúdo
  1. Anatomia
    1. Dois terços anteriores
    2. Terço posterior
  2. Músculos
    1. Músculos intrínsecos da língua
    2. Músculos extrínsecos da língua
  3. Histologia
    1. Papilas linguais
    2. Botões gustativos
  4. Inervação
    1. Inervação motora
    2. Inervação tátil
    3. Inervação gustativa
  5. Vascularização e drenagem linfática
    1. Artérias
    2. Veias
    3. Drenagem linfática
  6. Embriologia
    1. Dois terços anteriores
    2. Terço posterior
    3. Botões gustativos e papilas
    4. Inervação
  7. Notas clínicas
  8. Referências
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Anatomia

A língua é um órgão muscular rosado que se localiza dentro da cavidade oral. Ela é mantida úmida pelos produtos das glândulas salivares maiores e menores, o que facilita a deglutição, a fala e a percepção gustativa. Apesar de haver uma variação significativa do tamanho da língua entre os indivíduos, este órgão tem em média 10 cm de comprimento.

Do ponto de vista anatômico, a língua pode ser dividida em três partes:

  • A ponta ou ápice da língua é a sua porção mais anterior e mais móvel. 
  • O corpo da língua possui uma superfície dorsal (superior) rugosa que fica em contato com o palato e é repleta de papilas linguais, e uma superfície ventral (inferior) lisa que é fixa ao assoalho da cavidade oral pelo frênulo lingual.
  • A raiz da língua é a sua parte posterior, que se fixa à mandíbula e ao osso hioide.

A língua possui ainda duas faces, uma superior e posterior, conhecida como dorso da língua, e uma face inferior, voltada para o assoalho da cavidade oral. No dorso da língua é possível identificar o sulco terminal, uma estrutura em forma de V que aponta posteriormente para o forame cego. Esse forame é um remanescente da porção proximal do ducto tireoglosso, uma estrutura embrionária que serve como ponto de origem para a formação da glândula tireoide.

Enquanto a língua é dividida em três partes anatômicas, conforme discutido acima, do ponto de vista embriológico ela é separada pelo sulco terminal em uma porção anterior e uma porção posterior. A porção anterior também é chamada de parte oral ou pré-sulcal. Já a porção posterior é chamada de parte faríngea ou pós-sulcal. Mais adiante vamos discutir cada uma dessas partes em mais detalhes.

Além disso, tome cuidado para não confundir os termos ”raiz” e “base” quando for se referir à língua, pois eles representam duas áreas anatômicas diferentes. A base da língua se refere à parte pós-sulcal, que forma a parede ventral da orofaringe, enquanto a raiz da língua se refere à parte da língua que é fixa ao assoalho da cavidade oral.

Existem várias estruturas importantes ao redor da língua. Ela é limitada anterior e lateralmente pelos dentes, e superiormente pelo palato duro na sua porção anterior e pelo palato mole, na sua porção posterior. Inferiormente, a raiz da língua é contínua com a mucosa do assoalho da cavidade oral, e logo abaixo dessa mucosa encontramos glândulas salivares e feixes vasculares.

Os arcos palatoglosso e palatofaríngeo, juntamente com as tonsilas palatinas, se relacionam lateralmente com o terço posterior da língua. Posteriormente à base da língua está a superfície dorsal da epiglote e o introito laríngeo, bem como a parede posterior da orofaringe. As partes pré-sulcal e pós-sulcal da língua se diferenciam não só pela sua localização anatômica, mas também por sua origem embriológica, inervação e tipo de mucosa encontrada em sua superfície.

Dois terços anteriores

A parte pré-sulcal da língua inclui o ápice e o corpo. Ela termina no sulco terminal, que pode ser visto estendendo-se lateralmente em uma direção oblíqua a partir do forame cego até o arco palatoglosso. A mucosa da superfície dorsal da porção oral da língua é formada por papilas circunvaladas, filiformes e fungiformes. Também existe um sulco longitudinal mediano que segue em uma direção anteroposterior do ápice da língua até o forame cego. Isso marca o ponto embriológico de fusão das proeminências laterais da língua, que formaram a sua parte oral, e também representa o local do septo fibroso mediano da língua, que se insere no corpo do osso hioide.

Na superfície lateral da parte oral da língua, as papilas folhadas estão organizadas em uma série de pregas verticais. A mucosa ventral da porção oral da língua é lisa e contínua com a mucosa do assoalho da boca e da gengiva inferior. As veias linguais são relativamente superficiais e podem ser vistas em ambos os lados do frênulo lingual. Lateralmente às veias linguais estão as pregas plissadas da mucosa, conhecidas como plica fimbriata. Elas são anguladas anteromedialmente em direção ao ápice da língua.

Terço posterior

O restante da língua, que fica posteriormente ao sulco terminal, é formado pela base do órgão. Essa parte se localiza atrás das pregas do arco palatoglosso, e formam a parede anterior da orofaringe. Ao contrário da porção oral da língua, a sua porção faríngea não possui nenhuma papila. Sua mucosa possui agregados linfáticos conhecidos como tonsilas linguais, e é contínua com a mucosa das tonsilas palatinas, localizadas lateralmente, com as paredes laterais da orofaringe, e posteriormente com a epiglote e as pregas glossoepiglóticas.

Antes de seguirmos, revise o que você aprendeu sobre a língua com ajuda do nosso teste!

Músculos

A língua é um órgão predominantemente muscular, e possui um pouco de tecido adiposo e fibroso distribuídos no seu interior . Todos os músculos da língua são pares (bilaterais), ficando cada músculo de um lado do septo fibroso mediano. Alguns músculos se fixam às estruturas ósseas adjacentes e são conhecidos como músculos extrínsecos. O outro grupo de músculos fica confinado à língua e contribui na alteração do seu formato, e é conhecido como grupo de músculos intrínsecos.

Músculos intrínsecos da língua

Os músculos intrínsecos da língua são responsáveis por ajustar o seu formato e a sua orientação. Eles compõem quatro pares de músculos, que são discutidos abaixo de dorsal para ventral.

Os músculos longitudinais superiores são formados por uma fina camada de fibras musculares, algumas com eixo oblíquo e outras com eixo longitudinal. Essas fibras se localizam profundamente à mucosa superior do órgão, e se originam do septo fibroso mediano e da camada fibrosa da submucosa, ao nível da epiglote. Elas se inserem ao longo das margens laterais e na região apical da língua. Esses músculos são responsáveis por retrair e alargar a língua, bem como por elevar seu ápice, causando o encurtamento do órgão.

O outro par de músculos ocupa o plano dorsoventral da língua e se localiza profundamente aos músculos longitudinais superiores. Eles são os músculos verticais, que se originam na raiz da língua e no músculo genioglosso e se inserem no septo fibroso mediano, ao longo de todo o comprimento do órgão. Esses músculos facilitam o achatamento e a ampliação lateral da língua.

Profundamente aos músculos ventrais está a camada de músculos transversos da língua. Eles pegam uma rota lateral, se estendendo dos dois lados do septo mediano da língua até a submucosa fibrosa, ao longo das margens laterais da língua. Quando esses músculos contraem, a língua se torna mais estreita e alongada.

Finalmente, os músculos longitudinais são encontrados acima da submucosa ventral da língua. Essas fibras cursam entre o hioglosso e o genioglosso, e se originam na base da língua e no corpo do osso hioide. Elas se inserem no ápice da língua, permitindo que o músculo puxe a ponta da língua inferiormente e também encurte o órgão.

Os músculos intrínsecos da língua podem trabalhar independentemente ou em combinação, para dar origem a numerosos formatos. Isso é uma característica importante da língua, já que facilita a articulação da fala e a formação do bolo alimentar, preparando-o para a deglutição.

Informações importantes sobre os músculos intrínsecos da língua
Longitudinal superior Origem: submucosa da língua posterior, septo lingual
Inserção:
ápice e margens anterolaterais da língua
Inervação:
nervo hipoglosso (NC XII)
Vascularização:
ramo lingual da artéria carótida externa
Ação:
retrai e amplia a língua, eleva o ápice da língua
Longitudinal inferior Origem: raiz da língua, corpo do osso hiode
Inserção:
ápice da língua
Inervação:
nervo hipoglosso (NC XII)
Vascularização:
ramo lingual da artéria carótida externa
Ação:
retrai e amplia a língua, abaixa o ápice da língua
Músculo transverso Origem: septo lingual
Inserção:
margem lateral do língua
Inervação:
nervo hipoglosso (NC XII)
Vascularização:
ramo lingual da artéria carótida externa
Ação:
estreita e alonga a língua
Músculo vertical Origem: raiz da língua, músculo genioglosso
Inserção:
aponeurose lingual
Inervação:
nervo hipoglosso (NC XII)
Vascularização:
ramo lingual da artéria carótida externa
Ação:
amplia e alonga a língua

Músculos extrínsecos da língua

Enquanto o formato da língua é determinado pelos músculos intrínsecos, os movimentos do órgão dentro e fora da cavidade oral são realizados pelos músculos extrínsecos. Existem quatro pares de músculos extrínsecos, que podem ser divididos entre os que se originam acima da língua e abaixo dela.

Informações importantes sobre os músculos extrínsecos da língua
Genioglosso Origem: espinha geniana superior da mandíbula
Inserção:
todo o comprimento do dorso da língua, aponeurose lingual, corpo do osso hioide
Inervação:
nervo hipoglosso (NC XII)
Vascularização:
ramo sublingual da artéria lingual, ramo submentual da artéria facial
Ação:
deprime e protrude a língua (contração bilateral), e desvia a língua contralateralmente (contração unilateral)
Hioglosso Origem: corpo e corno maior do osso hioide
Inserção:
parte inferior/ventral da lateral da língua
Inervação:
nervo hipoglosso (NC XII)
Vascularização:
ramo sublingual da artéria lingual, ramo submentual da artéria facial
Ação:
deprime e retrai a língua
Estiloglosso Origem: porção anterolateral do processo estiloide (do osso temporal), ligamento estilomandibular
Inserção:
se une ao músculo longitudinal inferior (parte longitudinal) e ao músculo hioglosso (parte oblíqua)
Inervação:
nervo hipoglosso (NC XII)
Vascularização:
ramo sublingual da artéria lingual
Ação:
retrai e eleva a lateral da língua
Palatoglosso Origem: aponeurose palatina do palato mole
Inserção:
margens laterais da língua, se une aos músculos intrínsecos da língua
Inervação:
nervo vago (NC X), através de ramos do plexo faríngeo
Vascularização:
ramo palatino ascendente da artéria facial, artéria faríngea ascendente
Ação:
eleva a raiz da língua, contrai o istmo das fauces

O estiloglosso e o palatoglosso são os dois músculos que se originam acima da língua. O palatoglosso é anatomicamente classificado como parte dos músculos da faringe. Entretanto, suas inserções na língua também fazem dele um músculo extrínseco da língua. Ele se origina da parte oral da aponeurose do palato mole e se insere nas margens laterais da língua. Seu papel como músculo extrínseco é elevar a superfície dorsal da língua (enquanto trabalha sinergicamente com o palatoglosso contralateral) para agir como um esfíncter no istmo orofaríngeo.

O estiloglosso se origina da superfície anterolateral do processo estiloide. Ele não só contribui com o ligamento estilomandibular, como também ajuda na retração da língua (movendo-a posterior e superiormente). É o menor e mais curto dos três músculos estiloides. Na margem lateral da língua, o músculo se bifurca em seus componentes longitudinal e oblíquo. O componente longitudinal perfura a língua na sua porção dorsolateral e se une ao músculo longitudinal inferior, enquanto o componente oblíquo decussa para se unir ao hioglosso.

Os músculos genioglosso e hioglosso se originam abaixo da língua. O genioglosso se origina de um tendão delgado que se insere no tubérculo geniano superior, encontrado na superfície interna da sínfise mentoniana. Essa inserção previne que a língua caia para trás e obstrua a via aérea quando o indivíduo está em posição supina. As fibras inferiores do músculo também possuem inserções indiretas na parte anterior do corpo do osso hioide, através de sua fina aponeurose. O genioglosso possui uma estrutura triangular na linha média e segue posterior e superiormente até que suas fibras superiores se interdigitam com os músculos intrínsecos, antes e se fixarem ao longo da superfície inferior da língua (estendendo-se da sua raiz até seu ápice).

O hioglosso se origina no corno maior do osso hioide, e é um músculo delgado e quadrilateral. Ele normalmente é acompanhado pelo condroglosso (que pode ser considerado parte do hioglosso), que se origina da base do corno menor do osso hioide. O hioglosso tem um trajeto vertical e segue cranialmente. Ele perfura as margens inferolaterais da língua e depois se une entre os músculos longitudinal interior e estiloglosso.

Os músculos extrínsecos têm um importante papel em pressionar e moldar o bolo alimentar na preparação da fase inicial da deglutição. Além disso, eles são usados para mover o bolo alimentar posteriormente, para o intróito orofaríngeo. A ação do palatoglosso fecha o istmo orofaríngeo para impedir que a comida se mova cranialmente durante a deglutição. Apesar de alguns desses músculos serem capazes de ações isoladas, são seus efeitos combinados com os dos músculos intrínsecos que permitem que a língua tenha uma flexibilidade tão significativa.

Faça nosso teste sobre os músculos da língua ou confira nossa unidade de estudo para uma visão mais aprofundada.

Histologia

A mucosa lingual é revestida por epitélio escamoso estratificado com graus variados de queratinização. Como a superfície dorsal da porção oral da língua está sob o risco de abrasão devido ao contato com o bolo alimentar, que apresenta temperaturas e texturas variadas, ela é revestida por um epitélio queratinizado. Já a superfície ventral da língua, bem como sua porção faríngea, estão relativamente protegidas desse risco. Por isso, o epitélio dessas áreas é do tipo não queratinizado. O epitélio é aderente às fibras dos músculos estriados subjacentes. Existe uma rafe fibrosa na linha média da língua que marca o ponto de fusão das proeminências linguais laterais embriológicas. Posteriormente, existe uma quantidade variável de tecido adiposo dentro da porção faríngea da língua.

A mucosa dorsal da porção oral da língua é caracterizada pela presença de várias estruturas conhecidas como papilas linguais. Elas são responsáveis pela aparência rugosa da superfície dorsal, e não existem na superfície ventral da língua. A porção faríngea da língua também tem estruturas cupuliformes em sua mucosa, mas essas estruturas são agregados linfáticos (tonsilas linguais), e não devem ser confundidos com as papilas.

Papilas linguais

Existem quatro tipos de papilas na superfície da língua humana:

  • As papilas filiformes são as mais abundantes. Elas são cônicas, branco-acinzentadas e revestidas por uma espessa camada de epitélio escamoso queratinizado. Por tornarem a superfície dorsal da língua rugosa, essas papilas promovem atrito e permitem o movimento do bolo alimentar durante a mastigação. Devemos notar que essas papilas não possuem botões gustativos
  • As papilas fungiformes são pouco queratinizadas e menos abundantes do que as papilas filiformes. Entretanto, elas estão espalhadas ao longo de toda a superfície dorsal da língua. Essas papilas são altamente vascularizadas, têm formato de cogumelo e contêm alguns botões gustativos na sua porção apical.
  • As papilas folhadas se apresentam em pares, em filas longitudinais e paralelas. A mucosa é não queratinizada e as papilas possuem muitos botões gustativos.
  • As papilas circunvaladas estão dispostas linearmente, em um grupo de quatro a seis grandes papilas, anteriormente a cada limbo do sulco terminal (ou seja, são oito a doze papilas no total). Nos cortes longitudinais, uma depressão característica é encontrada dentro das papilas. Esses sulcos facilitam a drenagem das glândulas salivares de von Ebner, que se esvaziam nessas estruturas. A lubrificação persistente cria um ambiente ideal para as partículas gustativas se dissolverem e serem detectadas pelos botões gustativos.

Botões gustativos

Apesar dos botões gustativos estarem distribuídos ao longo de toda a cavidade oral, eles estão mais concentrados na língua. Eles são ovais, têm coloração clara e são revestidos por epitélio escamoso estratificado. Uma combinação de células gustativas alongadas, de suporte e células-tronco basais pode ser encontrada em cada botão gustativo. As células gustativas possuem um poro gustativo apical em meio a numerosos microvilos que se ligam às moléculas dissolvidas na saliva e as trazem mais para perto dos receptores responsáveis pela gustação. Essas células têm uma taxa de renovação relativamente alta, em torno de sete a dez dias.

Existem cinco sensações gustativas que são percebidas pelos indivíduos: doce, salgado, azedo, amargo e umami. Os microvilos encontrados na superfície apical das células gustativas são equipados com vários receptores que se unem a várias moléculas. A reação gerada por essa interação molécula-receptor dá origem a vários potenciais de ação que são subsequentemente percebidos como gosto. O gosto salgado é muito associado com o componente catiônico de uma substância (ou seja, quantidade de íons sódio), enquanto o azedo está relacionado à acidez (concentração de íons hidrogênio) no alimento. Compostos orgânicos como os carboidratos e aminoácidos dão origem ao gosto doce, enquanto o amargo está associado a componentes orgânicos de cadeia longa. O último gosto, umami, está relacionado a alimentos com o isômero quiral esquerdo do ácido glutâmico.

Antes de seguirmos, invista um tempo para testar seus novos conhecimentos sobre as estruturas microscópicas da língua.

Inervação

A língua possui múltiplas fontes de inervação, baseada em sua origem embriológica. Os nervos que a inervam podem ser agrupados em fibras motoras; fibras sensitivas gerais, que transmitem o toque e a propriocepção e fibras somáticas especiais, que transmitem impulsos gustativos.

Inervação motora

Os músculos da língua se originam dos miótomos occipitais que migram até o assoalho do aparato faríngeo durante o desenvolvimento embrionário. Esses miócitos primitivos levam as fibras do nervo hipoglosso (NC XII) junto com eles durante a sua jornada. Por isso, o hipoglosso fornece inervação motora para todos os músculos da língua, com exceção do palatoglosso. Quando o nervo hipoglosso perfura a parte ventrolateral da porção faríngea da língua ele dá origem a um ramo para o músculo gênio-hióideo. Depois, ele se bifurca em seus ramos medial e lateral. O ramo medial inerva a parte posterior dos músculos transverso e vertical, bem como a parte medial do músculo longitudinal inferior e todo o músculo genioglosso. O ramo lateral inerva a porção lateral do longitudinal inferior, o longitudinal superior, o hioglosso e o estiloglosso.

A maioria dos autores concorda que o plexo faríngeo traz as fibras motoras para o músculo, mas ainda não entraram em acordo sobre qual componente do plexo faríngeo (parte cranial do nervo acessório ou nervo vago) é o local de origem dessas fibras. Algumas fontes afirmam que o nervo acessório (NC XI) pega carona no nervo vago (NC X) para inervar o palatoglosso, enquanto outras afirmam que é o próprio nervo vago que inerva o palatoglosso. Uma coisa é certa, o núcleo ambíguo fornece fibras eferentes que inervam os músculos esqueléticos do palato, ainda que o trajeto dessas fibras seja incerto.

Inervação tátil

O nervo lingual, ramo da divisão mandibular do nervo trigêmeo (NC V3), é responsável por transportar os impulsos sensitivos dos dois terços anteriores da língua. Além disso, ele também transporta a informação sensitiva da mucosa oral abaixo da superfície ventral da língua, bem como da mucosa gengival do lado lingual da mandíbula. Os impulsos aferentes gerais das papilas circunvaladas e do terço posterior da língua são transportados pelas fibras do nervo glossorafíngeo (NC IX).

Inervação gustativa

Existem três nervos cranianos responsáveis pela transmissão da sensação gustativa da língua até o cérebro. Eles são: o facial (NC VII), o glossofaríngeo (NC IX) e, em menor extensão, o vago (NC X). A região da língua inervada por cada um desses nervos depende da proximidade dos botões gustativos (e das papilas linguais) à terminação nervosa livre de cada nervo. O nervo facial transporta sinais sensitivos especiais dos dois terços anteriores da língua e da parte inferior do palato mole.

As fibras do nervo corda do tímpano cursam através do nervo lingual e detectam os impulsos da região sulcal da língua. Já a região pós-sulcal da língua, as papilas circunvaladas, o arco palatoglosso e a orofaringe são inervadas pelo nervo glossofaríngeo. O nervo vago inerva apenas os botões gustativos em áreas extremas da região faríngea da língua. Esses impulsos são conduzidos pelo ramo laríngeo interno do nervo vago.

A inervação e vascularização da língua podem parecer muito difíceis. A melhor maneira de aprendê-las é aplicando o que você aprendeu. Nosso teste pode te ajudar! Ou, se você acha que precisa de uma revisão, confira nossa unidade de estudo.

Vascularização e drenagem linfática

Artérias

A vascularização dos músculos da língua é fornecida por ramos da artéria lingual, que por sua vez é ramo da carótida externa. A artéria lingual atravessa a região entre os músculos constritor médio da faringe e hioglosso, para ter acesso ao assoalho da boca. Em seguida, ela se curva superiormente, na borda anterior do hioglosso, cursando ao lado do nervo glossofaríngeo. A língua possui um bom suprimento colateral, já que as artérias linguais direita e esquerda se anastomosam. Os ramos da artéria lingual são:

  • As artérias dorsais da língua são relativamente pequenas e se originam medialmente ao hioglosso. Além de suprir a mucosa dorsal da língua, elas também dão origem aos ramos para o palatoglosso, palato mole, tonsilas palatinas e epiglote.
  • Emergindo do limite anterior do hioglosso, a artéria sublingual cursa entre o milo-hióideo e o genioglosso, ao seguir em direção às glândulas sublinguais no assoalho da cavidade oral. Ao se ramificar, um dos seus ramos se anastomosa com ramos submentuais da artéria facial, enquanto os outros atravessam a gengiva da mandíbula e se anastomosam com a artéria sublingual contralateral.
  • Como a artéria lingual termina próximo ao frênulo lingual, na superfície ventral da língua, ela também é chamada de artéria profunda da língua.

A artéria facial dá origem à artéria palatina ascendente e à artéria tonsilar, que também irrigam a língua. O ramo faríngeo ascendente da artéria carótida externa também irriga este órgão.

Veias

As veias da língua recebem os mesmos nomes das artérias que as acompanham. Elas são formadas por numerosas tributárias que se coalescem. Como a veia profunda da língua se forma próximo ao ápice da língua, ela cursa ao longo da superfície ventral da língua (profundamente à mucosa). Ao se anastomosar com a veia sublingual ela dá origem à veia comitante do nervo hipoglosso. Essa rede venosa eventualmente drena na veia lingual, que mais a frente, se une à divisão facial ou anterior das veias retromandibulares. Aqui, elas formam a veia facial comum, que é tributária da veia jugular interna. Alternativamente, a veia comitante pode drenar diretamente na veia jugular interna.

As veias dorsais da língua são responsáveis pela drenagem das margens laterais e da superfície dorsal da língua. Elas cursam ao lado das artérias de mesmo nome e drenam na veia jugular interna.

Drenagem linfática

Para discutirmos a drenagem linfática da língua, é útil agruparmos os linfonodos de acordo com a região da língua que eles drenam. Os grupos marginal e central drenam as partes anterior da língua, enquanto o grupo dorsal drena a linfa do terço posterior do órgão. Já a área central da língua pode ser drenada tanto pelo grupo marginal como pelo dorsal ou ainda pelos dois.

Os vasos linfáticos marginais drenam a linfa nos linfonodos submandibulares ou jugulo-omo-hióideos. Não é incomum ver vasos linfáticos decussando para drenar em linfonodos contralaterais. Os vasos da região central podem ir até os linfonodos cervicais profundos, com uma preferência particular pelos linfonodos jugulo-omo-hióideos e jugulodigástricos. O grupo dorsal de vasos também passa lateralmente em ambos os lados, até se juntar aos vasos marginais em seu curso até os linfonodos jugulo-omo-hióideos e jugulodigástricos.

Embriologia

O aparato faríngeo foi identificado como a principal estrutura embriológica que dá origem a várias estruturas da região da cabeça e do pescoço. Ele é dividido em arcos, bolsas e fendas, que se fundem e assumem novos formatos durante o desenvolvimento.

O aparato faríngeo começa a se formar ao redor do 23º dia do desenvolvimento embriológico e, ao redor do 28º dia, está quase completamente formado. Ele então começa sua transição para formar as estruturas definitivas da cabeça e do pescoço. Isso é precedido pela formação do estômato (boca primitiva) e pela ruptura da membrana orofaríngea (uma dupla camada que separa o estômato da faringe primitiva), permitindo assim a comunicação entre o intestino e a cavidade amniótica. Dentro das bolsas do aparato faríngeo estão os feixes neurovasculares, que vão dar origem aos nervos e vasos, e o tecido mesenquimal, que formará os ossos e músculos nesta região.

Dois terços anteriores

A língua é uma das estruturas derivadas do aparato faríngeo. Por volta do final da quarta semana de gestação, o mesênquima da porção ventromedial do primeiro arco faríngeo começa a se proliferar no assoalho da faringe primitiva para formar a saliência lingual mediana (tubérculo ímpar). Essa protuberância triangular está localizada cranialmente ao forame cego (abertura do ducto tireoglosso). Na sequência, ela se junta com as saliências linguais laterais, que são alargamentos ovais que se originam de cada lado da saliência lingual mediana. A taxa de crescimento da saliência lingual lateral excede a da saliência lingual mediana.

Com cerca de 5 a 6 semanas de gestação, as saliências laterais ficam maiores do que a saliência mediana, e elas se fundem na linha média para formar a parte oral da língua. O septo fibroso lingual representa o ponto de fusão entre as duas saliências linguais laterais e se localiza profundamente ao sulco mediano, um sulco central ao longo do eixo longitudinal da língua.

Terço posterior

Caudalmente ao forame cego, dois derivados mesenquimais se originam da parte ventromedial do segundo ao quarto arcos faríngeos. A cópula da língua é um produto do segundo arco faríngeo, enquanto a saliência hipofaríngea - que se desenvolve abaixo da cópula - se origina do terceiro e quarto arcos faríngeos. Assim como as saliências linguais, as saliências hipofaríngeas crescem em uma taxa mais rápida do que a cópula. Como resultado, a cópula regride entre a 4ª e 5ª semanas de gestação e a saliência hipofaríngea forma a parte faríngea da língua.

As partes oral e faríngea da língua eventualmente se fundem, formando uma junção em forma de V, conhecida como sulco terminal. Enquanto o tecido conjuntivo e vascular da língua se originam principalmente dos arcos faríngeos, os músculos intrínsecos e extrínsecos se originam de mioblastos dos somitos occipitais.

Além disso, a língua e o palato duro se desenvolvem simultaneamente. Isso contribui para a moldagem do palato em sua estrutura arqueada que ele assume em sua vida pós-natal. A maioria das mudanças morfológicas da língua ocorrem durante o primeiro trimestre de gestação. No segundo semestre e na vida extrauterina, o restante das alterações estão relacionadas ao alongamento e reposicionamento do órgão. As duas partes da língua (pré e pós-sulcal) estão dentro da cavidade oral no momento do nascimento. A migração caudal do terço posterior da língua não se completa até os 4 anos de idade.

Botões gustativos e papilas

A textura rugosa da superfície dorsal da língua pode ser atribuída às papilas linguais que são encontradas em sua superfície. Ao final da 8ª semana de gestação as papilas folhadas e circunvaladas são as primeiras a se desenvolver. Na sequência ocorre o surgimento das papilas fungiformes e, com cerca de 10 a 11 semanas de gestação, as papilas filiformes podem ser observadas na superfície dorsal da língua. Cada tipo de papila tem um papel diferente na fisiologia da língua e, assim, uma inervação única, baseada nas terminações nervosas que se desenvolvem próximo a elas.

O desenvolvimento dos botões gustativos começa quando as últimas papilas são formadas, na 11ª semana de gestação. Sua formação é influenciada pela invasão de fibras nervosas sensitivas especiais, bem como por fatores indutores do epitélio ao redor. Apesar da maioria desses receptores gustativos especializados se desenvolverem no dorso da língua, eles também se originam nos palatos mole e duro, no dorso da epiglote, no arco palatoglosso e na parede posterior da orofaringe. Os botões gustativos estão formados ao redor da 13ª semana de gestação.

Inervação

Como cada arco faríngeo tem seu próprio feixe neurovascular, as estruturas derivadas dessas bolsas também terão sua inervação originada desses feixes. A divisão mandibular do nervo trigêmeo (NC V3) transmite impulsos sensitivos que se originam do primeiro arco faríngeo. Como esse arco dá origem ao tubérculo ímpar e às saliências linguais laterais (que formam a parte oral da língua), a mucosa de toda essa área envia impulsos aferentes através do ramo lingual do nervo mandibular.

Mesmo que o segundo arco faríngeo não contribua para nenhuma estrutura visível na superfície da língua, uma parte da sua inervação - o nervo corda do tímpano, ramo do nervo facial (NC VII) - transporta sinais aferentes dos botões gustativos (excluindo as papilas circunvaladas) da parte pré-sulcal da língua. As papilas circunvaladas, juntamente com a mucosa da parte pós-sulcal da língua, transmitem estímulos aferentes ao nervo glossofaríngeo (NC IX), que é o nervo do terceiro arco faríngeo. Essa inervação também é suplementada pelo nervo do quarto arco faríngeo - o nervo vago (NC X) - que transporta estímulos sensitivos da base da língua, na região anterior à epiglote.

Lembre-se que tanto os músculos intrínsecos quanto os extrínsecos da língua se originam dos miócitos occipitais, que migram ventralmente para se desenvolverem na língua. Como resultado, os miócitos trazem o nervo hipoglosso (NC XII) junto com eles. Por isso o hipoglosso transporta estímulos eferentes a todos os músculos da língua. Uma exceção a essa regra é o palatoglosso, que recebe sua inervação motora do plexo faríngeo.

Para recapitular o que nós discutimos: 

  • O desenvolvimento da língua começa ao redor do final da quarta semana de gestação
  • Os dois terços anteriores do órgão é uma região conhecida como porção pré-sulcal (oral) e o terço posterior, como porção pós-sulcal (faríngea)
  • A porção pré-sulcal se origina do primeiro arco faríngeo, enquanto a porção pós-sulcal se origina do terceiro e quarto arcos faríngeos
  • Nem o tubérculo ímpar (do primeiro arco faríngeo), nem a cópula (segundo arco faríngeo) contribuem para estruturas visíveis na língua adulta
  • A parte pré-sulcal da língua tem papilas linguais e botões gustativos, enquanto a parte pós-sulcal possui tonsilas linguais e botões gustativos
  • A inervação da língua depende do arco faríngeo do qual a área foi derivada

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Kim Bengochea Kim Bengochea, Universidade de Regis, Denver
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