Forames e fissuras do crânio
Neste artigo vamos nos concentrar nos forames e fissuras localizados no interior e no chão, ou na base, do crânio. Em poucas palavras, um forame significa um buraco que pode permitir a passagem de várias estruturas, desde nervos até vasos sanguíneos.
O número de forames e fissuras localizadas no chão do crânio pode ser esmagador à primeira vista! No entanto, uma vez que você entenda o que eles são, o que eles fazem e quais estruturas passam por eles, esses buracos podem tornar o aprendizado muito mais interessante.
Forame cego | Veias emissárias |
Forame olfatório | Nervo olfatório |
Canal óptico | Nervo óptico (CNII), artéria oftálmica |
Fissura orbitária superior | Nervo Oculomotor (NCIII), nervo troclear (CNIV), divisão oftálmica do nervo trigêmeo (CNV1), nervo abducente (CN VI), veias oftálmicas |
Forame redondo | Divisão maxilar do nervo trigêmeo (CNV2) |
Forame oval | Divisão mandibular do nervo trigêmeo (CNV3), nervo petroso menor |
Forame espinhoso | Artéria meníngea média |
Forame lacerado | Nervo petroso maior |
Canal carotídeo | Artéria carótida interna |
Meato acústico interno | Nervo facial (CNVII), nervo vestibulococlear (CNVIII) |
Forame jugular | Nervo glossofaríngeo (CNIX), nervo vago (CNX), porção descendente do nervo espinhal acessório (CNXI), veia jugular interna |
Canal do hipoglosso | Nervo hipoglosso (CNXII) |
Forame magno | Tronco cerebral/medula espinhal, artérias vertebrais, porção ascendente do nervo espinhal acessório (CNXI) |
Anatomia
Os principais forames e fissuras do crânio encontram-se distribuídos pelo neurocrânio e viscerocrânio da forma mais ilógica imaginável. O corpo humano é um milagre terreno, e funciona perfeitamente em condições ideais, entretanto, para o estudante de anatomia, somente através da dedicação e longas horas de estudo pode-se relembrar corretamente os marcos anatômicos do crânio. Apesar destas observações, esse artigo visa simplificar esse tópico complexo e extremamente detalhado da melhor forma possível. Abaixo os forames e fissuras do crânio encontram-se agrupados pelos ossos que os contém.
Marcos anatômicos situados entre dois ou mais ossos
- O forame cego pode ser encontrado entre o osso frontal e o osso etmoide, e nele cursa a veia emissária da cavidade nasal para o seio sagital superior.
- O forame etmoidal anterior também se encontra entre o osso frontal e o etmoide, e contém o nervo etmoidal anterior e os vasos correspondentes.
- O forame etmoidal posterior encontra-se entre o osso frontal e etmoidal, e envolve o nervo etmoidal posterior e seus vasos correspondentes.
- O forame lacerado está situado entre várias articulações, incluindo a asa maior e o corpo do osso esfenoide, bem como a porção petrosa do osso temporal e a porção basilar do osso occipital. Ele não leva nenhum vaso, mas está preenchido por fibrocartilagem e possui uma abertura anterior para o canal pterigoide e uma abertura posterior para o canal carotídeo.
- O osso temporal e o osso esfenoide envolvem a abertura da tuba auditiva, que abriga a porção cartilaginosa da tuba auditiva.
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- O forame jugular é cercado pela porção petrosa do osso temporal e o osso occipital. Ele permite que muitas estruturas passem através dele, incluindo o nervo glossofaríngeo (NC IX), o nervo vago (NC X), o nervo espinhal acessório (NC XI), o seio petroso inferior, o seio sigmoide e a artéria meníngea posterior.
- A fissura orbitária inferior cursa entre a asa maior do osso esfenoide, a maxila e a porção orbital dos ossos palatinos. Ela abriga a divisão maxilar do nervo trigêmeo (NC V/II), o nervo zigomático e os vasos infraorbitários.
Osso frontal
O forame supraorbitário contém o nervo supraorbitário e seus vasos correspondentes, e é o único marco anatômico que encontra-se completamente no interior do osso frontal.
Osso esfenoide
O canal óptico envolve o nervo óptico e a artéria oftálmica.
As asas maior e menor do osso esfenoide contém a fissura orbitária superior, que permite que muitas estruturas passem através do crânio, incluindo o ramo nasociliar, o ramo frontal e o ramo lacrimal da divisão oftálmica do nervo trigêmeo (NC V/I), o nervo oculomotor (NC III), o nervo troclear (NC IV), o nervo abducente (NC VI) e as veias oftálmicas superior e inferior.
O forame redondo envolve a divisão maxilar do nervo trigêmeo (NC V/II). • O forame oval abriga a divisão mandibular do nervo trigêmeo (NC V/III), a artéria meníngea acessória, o nervo petroso inferior e a veia emissária.
O forame espinhoso circunda os vasos meníngeos médios e o ramo meníngeo da divisão mandibular do nervo trigêmeo (NC V/III).
O forame esfenoide contém a veia emissária.
Zigomático
O forame zigomaticofacial é o único marco anatômico do osso zigomático, e contém o nervo zigomaticofacial e seus vasos correspondentes.
Maxila
O forame incisivo é encontrado no processo palatino da maxila, e envolve o nervo nasopalatino e a artéria esfenopalatina.
O forame infraorbitário é encontrado na parte frontal da maxila e contém o nervo infraorbitário, juntamente com seus vasos correspondentes.
Mandíbula
A mandíbula possui dois forames mentuais, e cada um circunda os nervos mentuais, bem como a artéria e veia mentuais.
Osso palatino
O forame palatino maior contém a artéria, veia e nervo palatinos maiores.
O forame palatino menor abriga os vasos e o nervo palatinos menores.
Osso occipital
O canal condilar contém a veia emissária e os ramos meníngeos da artéria faríngea ascendente.
O canal do hipoglosso envolve o nervo hipoglosso (NC XII).
O forame magno é o maior forame em todo o crânio, e contém o bulbo, as artérias vertebrais e as raízes espinhais dos nervos espinhais acessórios (NC XI).
Osso temporal
O canal carotídeo pode ser encontrado na porção petrosa do osso temporal, e contém a artéria carótida interna e o plexo nervoso carotídeo interno, que possui fibras simpáticas.
O hiato para o nervo petroso superior, na porção petrosa do osso abriga o nervo petroso menor.
O hiato para o nervo petroso maior, também na porção petrosa do osso, contém, de forma semelhante, o nervo petroso maior.
O meato acústico interno envolve o nervo facial (NC VII), o nervo vestibulococlear (NC VIII) e a artéria labiríntica.
Finalmente, o último marco da parte petrosa do osso temporal é a abertura do aqueduto vestibular, que inclui o ducto endolinfático.
A porção mastóidea do osso temporal possui o forame mastóideo, que contém a veia emissária e alguns ramos da artéria occipital.
O canalículo timpânico abriga o ramo timpânico do nervo glossofaríngeo (NC IX) e reside no interior do forame jugular do osso temporal.
A fissura petrotimpânica inclui a corda timpânica e a artéria timpânica anterior.
O forame estilomastóideo abriga o nervo facial (NC VII) e a artéria estilomastóidea.
Finalmente, a fissura timpanomastóidea abriga o ramo auricular do nervo vago (NC X).
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Nota Clínica
Síndrome do Forame Jugular
Síndrome do forame jugular (JFS), também conhecida como síndrome de Vernet é uma desordem envolvendo paralisias dos nervos glossofaríngeo, vago e acessório (nervos cranianos IX-XI), bem como, por vezes, o nervo hipoglosso (NC XII).
A SLJ é mais frequentemente causada pela compressão dos nervos acima mencionados devido a alguma forma de massa do forame jugular (isto é, uma lesão patológica que se origina ou se estende para a fossa jugular). Exemplos incluem tumores de glomus jugulare, meningiomas, schwannomas e/ou lesões inflamatórias.
Os sintomas da síndrome do forame jugular incluem:
- rouquidão (disfonia)
- disfagia (dificuldade de engolir)
- perda do reflexo de vômito
- paralisia dos músculos esternocleidomastoideo e trapézio
- redução da atividade da glândula parótida
- queda do palato mole